Especialistas defendem maior utilização do urânio
04/10/07
São Paulo, 4 de Outubro de 2007 – Um dos temas principais nas discussões sobre a matriz energética mundial é a utilização do urânio. E a presença brasileira neste o mercado mundial deverá ser, nos próximos 10 anos, uma das mais importantes, segundo estudos da Indústrias Nucleares do Brasil (INB). As reservas brasileiras podem chegar a 309 mil toneladas com apenas 25% do território prospectado. Essa produção colocaria o Brasil na sexta posição do ranking dos maiores produtores mundiais do minério. De acordo com o presidente da INB, Alfredo Tranjan, com essa produção, o País tem condições de entrar no mercado de exportação de urânio `in natura` e enriquecido mas, essa decisão depende apenas do governo. `O Brasil poderá produzir cerca de 1,6 millhão de toneladas por ano de urânio em 2012. Até lá, a fábrica de enriquecimento do minério já estaria produzindo 100% das necessidades de Angra 1, 2 e da futura Angra 3 por volta de 2014,` afirmou Tranjan, durante sua participação na International Nuclear Atlantic Conference (Inac), que está sendo realizado em Santos (SP). Atualmente, a capacidade de produção do Brasil é 400 toneladas com apenas uma mina em funcionamento, a Caetité, na Bahia. Contudo, de acordo com o executivo dados geológicos permitem uma estimativa de reservas em torno de 800 mil toneladas. Já o vice-presidente de marketing do grupo francês Areva, Georges Capus, entende que o momento internacional é importante por conta do preço do urânio e da retomada global da energia nuclear. O executivo disse que a estimativa da reserva mundial não-descoberta é de aproximadamente 10 milhões de toneladas. `O Brasil ainda não existe nesse mercado e deve pensar nisso agora, se quiser participar`, afirmou. O chefe de gabinete da Eletronuclear, Leonam Santos Guimarães, explicou que a energia nuclear amplia fronteiras. `Não há sentido numa competição entre as fontes de energia, com a demanda reprimida que o Brasil apresenta. Não há uma melhor do que esta`, enfatizou. Estudos inéditos da Eletronuclear demonstraram que as emissões de dióxido de carbono evitadas pelas principais fontes de energia – entre 2000 e 2005 -, a nuclear, com apenas duas usinas (Angra 1 e 2), conseguiu evitar a emissão de 47 mil toneladas de carbono (CO2). Outro convidado internacional que participou no Inac, foi o ex-diretor executivo do Centro de Energia Sustentável da Universidade de Columbia, Jonathan Schrag. Para ele o mundo, em face ao aquecimento global, terá de dar uma solução para a emissão do dióxido de carbono e deter a tecnologia de armazenamento dos resíduos. Num ponto todos os participantes do evento são unânimes quanto à utilização do urânio apenas para fins pacíficos na geração de energia nuclear. E que até 2030 essa fonte deverá produzir 50% da energia mundial.
Gazeta Mercantil