Energias do Brasil cogita ir a leilões do Rio Madeira
26/07/07
Decisão deve-se à postura do governo que vetou estatais nas licitações Antes reticente em participar do leilão das usinas do Complexo do Rio Madeira, a Energias do Brasil já considera a possibilidade de participar da construção e operação de pelo menos uma das hidrelétricas a serem erguidas no local. A nova postura da companhia deve-se à mudança imposta pelo governo federal, que vetou a participação de estatais nos leilões. O diretor vice-presidente de Finanças e Relação com Investidores, Antônio José Sellare, revelou ontem que a empresa foi procurada por alguns dos consórcios que estão sendo formados para os leilões. `A mudança feita pelo governo realmente traz interesse adicional. Se antes íamos olhar as licitações por questão de obrigação, agora estamos vendo-as com muito interesse. Estamos sendo procurados, e vamos avaliar, sem obrigação de participar ou não`, afirmou. Setor movimenta-seO leilão das usinas do Rio Madeira, o maior investimento no setor hoje em curso no mundo, movimenta o setor, com as empresas se articulando para a formação de consórcios para a construção das hidrelétricas de Santo Antônio (3.168 megawatts) e Jirau (3.326 MW), cujo custo inicial estimado é de R$ 24 bilhões. Cinco consórcios demonstraram interesse. A previsão do governo é de que o leilão da usina de Santo Antônio ocorra em meados de outubro. A participação em uma das usinas do Rio Madeira estaria em consonância com o objetivo da Energias do Brasil de ampliar seu portfolio de geração. Em busca disso, a companhia analisa, no momento, a possibilidade de construir 19 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Goiás. A capacidade instalada somada dessas unidades seria de 440 MW. Sellare destacou que a Energias do Brasil pretende entregar à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) até fevereiro, estudos de viabilidade referentes a dez dessas PCHs, cuja potência somada é de cerca de 250 MW. Após a entrega, a Aneel tem 90 dias para autorizar ou não a construção, que levaria cerca de dois anos. `Nesse meio tempo, podem surgir outros projetos competindo com esses. Mas nossa expectativa é que possamos iniciar algumas obras já no ano que vem, e incluir as PCHs nos leilões de energia`, observou Sellare. O executivo ressaltou que, para elevar a potência instalada da companhia, vem sendo levado em consideração um amplo conjunto de alternativas, que incluem usinas térmicas movidas a biomassa e a carvão, e usinas eólicas. A Energias do Brasil fechou acordo com a MPX Mineração e Energia para o desenvolvimento das usinas térmicas Maranhão (350 MW), a ser construída em São Luís, e Pecém (700 MW), que será instalada na cidade de São Gonçalo do Amarante, no Ceará. A parceria prevê que cada um dos grupos deterá 50% de cada projeto. O carvão a ser utilizado será importado. O acordo prevê que a MPX pagará à Energias do Brasil R$ 2,5 milhões à vista pelos direitos do projeto da UTE Maranhão, além de outros R$ 7,5 milhões, na venda da energia do empreendimento. Já a Energias do Brasil pagará à MPX R$ 5 milhões à vista pelos direitos do projeto da UTE Pecém, mais R$ 15 milhões na venda da energia dessa usina. Segundo Sellare, apesar de os custos dos equipamentos necessários a essas usinas estarem em curva ascendente, o preço-teto de R$ 140 por megawatt/hora (MWh) estipulado pelo Governo nos leilões viabiliza o investimento nas térmicas movidas a carvão. Caso haja uma queda desse preço, teria que haver condições melhores, frisou. A idéia da empresa, de acordo com o executivo, é que esses projetos possam ser incluídos no leilão A-5 que será realizado ainda nesse semestre. `Não podemos mais um ou dois anos para fazer um investimento. Fomos ao mercado para tocar o projeto mais cedo, e estamos otimistas com esses projetos de carvão`, destacou. Biomassa/Eólica Antônio José Sellare disse ainda que a Energias do Brasil vem encontrando alguns empecilhos para investir em geração via biomassa e eólica. No caso da energia gerada por ventos, não há fornecedores de equipamentos suficiente no Brasil, reclama. `Continuamos esperando oportunidades para entrarmos no mercado eólico no Brasil. Nosso controlador tem experiência e investiu muito, nesse segmento, no exterior`, lembra. Em relação à biomassa, Sellare afirmou que a empresa vem mantendo contato para firmar parcerias com produtores de álcool, mas que o acordo é dificultado pelo interesse diferenciado que cada lado tem. `É difícil fazer acordo. Temos que produzir para entregar energia, e eles não. Se o preço do álcool cair, eles vão produzir menos, e vão me entregar menos bagaço de cana para que eu gere energia`, completou.
Jornal do Commércio – RJ