Energia: vilã do investimento em produção de alumínio
29/08/07
A questão muda a competitividade brasileira. A produção é crescente, mas os investimentos podiam ser maiores se o custo de energia não fosse tão alto O custo de energia é muito alto e representa empecilho para um maior investimento na produção de alumínio. A indústria de alumínio primário depende muito da energia. E o investimento brasileiro só não é maior causa deste entrave. O diretor-superintendente da Votorantim Metais, João Bosco Silva, revelou, nesta quarta-feira (29/08), que o custo de energia empregado pela empresa em uma fábrica, no Peru, é metade do estipulado no Brasil. A afirmação foi feita durante Seminário Bauxita & Alumínio ? Desafios e Perspectivas ? promovido pelo Instituto Brasileiro de Mineração – realizado em Belo Horizonte.?Isso muda a equação da competitividade. Temos uma operação também na Colômbia e o custo é bem menor?, disse João Bosco. Os investimentos brasileiros em alumina, bauxita (matéria-prima do alumínio) e alumínio somaram US$ 5 bilhões em 2006. ?Em alumínio, os investimentos são grandes e consolidará o país como grande produtor. Acho importante lembrar o potencial do Brasil, que é a 3ª reserva mundial, representando 11% das mundiais. Temos também vários projetos em expansão, da Mineração Rio do Norte, da Companhia Vale do Rio Doce e da Companhia Brasileira de Alumínio?, complementou João Bosco. As empresas brasileiras possuem geração de energia de 60%, enquanto a média mundial é 28%. ABAL projetou 14 usinas A Associação Brasileira de Alumínio (ABAL) quer ampliar as minas de bauxita e o processamento da matéria-prima. Para isso, a Associação projetou 14 usinas, incluindo hidrelétricas nas quais quer ter participação acionária. Mas a demora na concessão de licenças ambientais podem atrasar projetos avaliados em US$ 8,4 bilhões, no aumento da produção de alumínio, no Brasil, até 2011. A geração de energia necessária nas fábricas é a maior preocupação pois é a etapa mais crítica dos investimentos. `Se não tivermos energia suficiente, não há como erguer novas fábricas. Dessa forma, deixaremos de explorar um bem abundante, com vantagens comparativas em relação a outros países`, afirmou Luiz Carlos Loureiro Filho, presidente da ABAL, ao participar da abertura do Seminário.O presidente do IBRAM, Paulo Camilo Vargas Penna, defendeu um entendimento com as empresas e as comunidades locais, onde estão sendo implantados projetos de expansão da produção. Admitiu que o rompimento, em janeiro, de uma barragem da Mineração Rio Pomba Cataguases em Miraí, na Zona da Mata, impôs desafios, mas houve uma reação rápida ao desastre. Entre os entraves aos projetos da indústria, Paulo Penna citou a criação no Pará de parques e reservas ambientais, sem orçamento, em áreas com potencial para a exploração do minério de alumínio. O secretário-adjunto de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais, Shelley de Souza Carneiro, reconheceu a necessidade de mudanças na atuação dos órgãos de licenciamento ambiental e afirmou que o governo estadual já tomou providências para racionalizar a burocracia administrativa e mudar conceitos. O novo modelo prevê a análise conjunta de profissionais da engenharia e do meio ambiente envolvidos, e a intervenção combinada de todo os órgãos da área ambiental. ?Minas Gerais é o baluarte da mineração. Possui uma quantidade enorme de empresas. Estamos realmente num mundo dinâmico que precisa de transformação para se adequar a toda essa exigência, não só nos aspectos de competição como nos regionais?, afirmou Shelley. Shelley revelou que o governo de Minas Gerais em parceria com o Conselho Estadual de Política Ambiental do Estado está elaborando uma lei que deve ser publicada ainda nesta semana. Esta dará suporte às políticas de mineração por meio de câmaras temáticas, tanto no aspecto técnico quanto administrativo e deliberativo. O Brasil também é o segundo maior produtor mundial de bauxita, com 32,97 milhões de toneladas, ficando atrás da Austrália e à frente da China. E o segundo maior produtor mundial de alumínio, com 9,221 milhões de toneladas, distribuídos entre as empresas Alumina do Norte do Brasil (4,4 milhões), Consórcio de Alumínio do Maranhão (3,5 milhões) e Companhia Brasileira de Alumínio ? CBA (770 mil). Fotos: Jair Campos
Assessoria de Imprensa do IBRAM