Empregos sob ameaça no Brasil
21/10/08
OIT prevê corte de até 20 milhões de postos devido à crise. No País, construção civil, serviços e comércio podem ser afetados
Leila Souza Lima
Rio – A crise que abalou mercados dos cinco continentes ameaça acabar com 20 milhões de empregos, se não houver resposta rápida das principais economias. O alerta é da OIT (Organização Internacional do Trabalho), com base em dados de crescimento econômico do FMI (Fundo Monetário Internacional). Segundo Juan Somavía, diretor-geral da OIT, o número de desempregados poderá subir de 190 milhões, em 2007, para 210 milhões, no fim de 2009, superando pela primeira vez a marca dos 200 milhões.
Para que se evite demissões em massa, Somavía sugere aos governos ações rápidas e articuladas, de forma a afastar o risco de uma crise social grave e prolongada. Ele elogia o Brasil, mas frisa que ninguém está a salvo.
O economista José Pastore diz que é arriscado prever reflexos da crise na oferta de empregos, mas aponta dois cenários possíveis: um negativo e outro positivo. ?Há segmentos que dependem muito de financiamento e têm forte influência nas taxas de emprego e desemprego, como construção civil e comércio e serviços?, afirma o especialista. Mas, se os bancos voltarem a emprestar, o Brasil não vai sofrer impacto de desemprego expressivo, destaca. ?O que mais exportamos é consumido até na recessão?, diz Pastore, lembrando que há expectativa na área da agricultura.
O segmento de produção de minério é mais vulnerável e poderá, segundo o economista, sentir mais pressão. ?Ainda assim, vale destacar que há grandes projetos em andamento lá fora. Eles podem esfriar um pouco, mas não serem interrompidos. Isso só aconteceria em uma situação de grande catástrofe?, avalia Pastore. Ele arrisca dizer que, se o atual quadro de mobilização de socorro financeiro continuar, o Brasil pode chegar ao fim de 2009 a uma taxa de desemprego de 8% a 8,5%: ?Não é bom, mas também não é um desastre?.
Ministro minimiza reflexo no mercado nacional
O ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, disse ontem que o governo não vai rever para baixo as estimativas de geração de empregos para o ano que vem por conta da crise financeira internacional. Segundo o ministro, o Brasil deverá criar 1,8 milhão de novos postos de trabalho com carteira assinada ao longo de 2009.
Carlos Lupi presidiu reunião com outros seis ministros do Trabalho da América do Sul. Participaram do encontro Argentina, Paraguai,Uruguai, Venezuela e Chile. Lupi negou que a reunião foi motivada pela crise econômica mundial e disse que os abalos internacionais não vão atingir o mercado de trabalho brasileiro.
?O mercado de trabalho vive um momento único no País. Este ano, apesar da crise, vamos gerar mais de 2 milhões de novos empregos com carteira assinada, um recorde histórico. Acho que o mercado só deverá sofrer algum impacto no segundo semestre do ano que vem. Assim mesmo, muito pequeno?, avaliou o ministro.
O Dia Online