Em queda, produção de vagão reagirá em 2008
25/07/07
A produção de vagões deverá ficar próximo de mil unidades neste ano. É um volume muito abaixo das 3,5 mil unidades fabricadas em 2006, que também foi inferior às 7,5 mil unidades produzidas em 2005, segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Equipamentos Ferroviários (Abifer). Para 2008, a expectativa dos fabricantes é que haja uma retomada do setor, com a produção de três mil vagões. “Este ano está mais fraco do que imaginávamos”, disse Oscar Becker, diretor financeiro da Iochpe-Maxion. “As empresas estão operacionalizando suas frotas e, por isso, reduziram o volume de compras”, destacou. A Amsted Maxion, divisão ferroviária da Iochpe-Maxion, tem confirmado pedidos de 700 vagões para este ano. Do volume total, 80% são da MRS Logística. Por causa da redução nos pedidos, Becker prevê que o faturamento da Iochpe-Maxion tenha uma redução de 2% neste ano em comparação a 2006, quando foi de R$ 1,280 bilhão. Com isso a representatividade do setor ferroviário no resultado da companhia, que 2006 foi de 35%, cairá para 20% neste ano. Entre as razões para o encolhimento do mercado está a redução das compras de grandes compradores, como a Vale do Rio Doce e a América Latina Logística (ALL). A ALL optou por reformar os vagões antigos, diante da incorporação da Brasil Ferrovias, comprada em maio do ano passado. “Além disso, muitas empresas anteciparam aquisições nos últimos anos. Hoje há muitas cotações, mas poucos contratos são fechados”, afirma Estefano Vaine Júnior, presidente da Ferrolease, de Curitiba, que compra vagões para locação. Ele estima que a venda de vagões no Brasil deva encerrar em queda pelo segundo ano consecutivo. Em 2006, elas caíram mais de 50%, para 3,5 mil unidades, e esse ano esse volume não deve superar mil vagões. Para Vaine Junior, o setor poderá demandar até 4,5 mil vagões em 2008, a maior parte adquirida por meio de leasing operacional (aluguel) ou financeiro, pelo qual o ativo passa ao comprador ao final do contrato. A empresa, que tem entre seus clientes ALL e Coinbra, acaba de receber as últimas unidades de um lote de 35 vagões tipo tanque da Amsted-Maxion, avaliados em US$ 10,5 milhões, que serão colocados no mercado para locação. A tendência, segundo a Ferrolease, é que as concessionárias de ferrovias concentrem seus investimentos na malha permanente, em detrimento de equipamentos rodantes, como vagões e locomotivas. Hoje a frota de vagões alugados no Brasil ainda é pequena para os padrões norte-americanos – cerca de 3% -, mas as companhias apostam que a renovação de equipamentos nos próximos anos – a frota brasileira, de 80 mil vagões, tem em média 30 anos – deve alvancar esse segmento. A ALL informou, em entrevista a esse jornal em fevereiro, que já possui 16% da frota de vagões alugada, mas a estratégia, segundo Carlos Augusto Moreira, gerente financeiro, é que nos próximos anos todo o investimento para a área de vagões tanto pela empresa como pelos clientes seja feito por meio de leasing. A demanda anual da ALL gira entre mil e 1,5 mil novos vagões/ano, com investimentos estimados em de R$ 300 milhões.
Gazeta Mercantil