Diversibram discute papel dos homens na adoção de uma cultura livre de assédio
27/03/25
Com uma bancada de painelistas intencionalmente masculina, o segundo painel da 4ª Diversibram – A Mineração Sem Rótulos discutiu o tema “Como as organizações estão criando uma cultura inclusiva e livre de assédio – Homens como aliados”. O evento foi realizado pelo Instituto Brasileiro da Mineração (IBRAM), na quarta-feira (26/3), no auditório da Escola Superior Dom Hélder Câmara, em Belo Horizonte.
O painel teve como apresentadora Luciana Castro, especialista sênior em RH da Kinross, e como moderador Murici Martins, diretor de Compliance na The Mosaic Company. Participando de forma remota, diretamente de Londres, Ruben Fernandes, diretor regional das Américas na Anglo American, foi o patrono.
Assista a íntegra no canal Youtube do IBRAM.
“Mais homens como aliados da diversidade”
“Precisamos ter mais homens como aliados, participar e se comprometer. Mudar e agir. (Diversidade) É sobre gente, sobre seres humanos. Somos todos iguais, mas cada um tem uma história diferente e aí é que está a beleza disso tudo”, declarou.
Ruben disse que o setor de mineração vive uma “transformação importante, mas ainda muito lenta”, na questão da diversidade, equidade e inclusão. “Numa indústria tão tradicional como a mineração, temos de ser mais ativos como homens e buscar espaços. As mulheres têm dado contribuição importante na indústria em todas as áreas.”
Ele relatou, ainda, a situação “muito peculiar” que a Anglo American experimenta na África do Sul, país de cultura diferente da brasileira, onde houve casos de assédio e até de violência sexual. “Isso mexe muito com a gente. Tomamos ações muito duras com relação a isso. Condutas inadequadas exigem tolerância zero.”
Cultura organizacional inclusiva, livre de assédio: “o debate principal é sobre a dignidade humana”
Rafael Rezende Costa, especialista em Auditoria Interna, Risco & Compliance da RHI Magnesita, abordou o que vem fazendo para implantar uma cultura inclusiva, livre de assédio. “Temos de entender que o debate principal é sobre a dignidade humana. No ambiente corporativo, bem como na sociedade, é impossível manter uma cultura em que fatores como aspectos sociais, origem étnica, gênero ou orientação sexual sejam decisórios para saber se aquela pessoa vai ser marginalizada no convívio social e no contexto organizacional. A gente ainda tem um caminho bem longo”.
Rafael falou sobre o estabelecimento de um código de conduta claro e específico para cada grupo, “extremamente conciso, elaborado e de fácil acesso, com um trabalho enorme de divulgação efetiva, para que todos os stakeholders saibam como funciona”. Ele defendeu ações onboard em todas as áreas e auditorias internas e externas – junto a fornecedores, por exemplo.
Neste ponto, o moderador Murici Martins acrescentou que, “mais que canais de denúncia, linhas éticas etc., quando você desenvolve relações de confiança com as lideranças, aí sim parte para um outro cenário, onde as pessoas estão confortáveis no ambiente em que estão inseridas.”
Rafael ainda citou iniciativas de sucesso na empresa, como a adoção de salas de amamentação e de descanso exclusivas para mulheres nas áreas operacionais.
“Um dos maiores valores que a gente tem, é o respeito à vida”
O diretor de Operações da Samarco, Sérgio Mileipe, discorreu sobre uma série de iniciativas que a companhia vem implementando, “sempre sob a ótica de um dos maiores valores que a gente tem, que é o respeito à vida”. Uma delas é a implantação do comitê de direitos humanos e diversidade na organização. “A gente vê uma série de questões que estão conectadas diretamente com nossa própria operação, nossa própria cadeia de suprimentos. (diversidade, equidade e inclusão) É um dever das companhias, que vai trazer resultados a curto, médio e a longo prazo.”
Mileipe citou investimentos pesados em infraestrutura feitos pela Samarco. Por exemplo, a partir de um programa de incentivo à formação e à contratação de operadoras mulheres, foi preciso instalar banheiros, adaptar espaços, entre outras providências. Também falou da adoção de câmeras corporais para todos os vigilantes da empresa, a fim de coibir eventuais condutas inadequadas.