Dirigente do IBRAM defende junto a parlamentares que tarifaço de Trump pode representar oportunidades para a mineração brasileira
27/02/25
As medidas econômicas protecionistas (tarifaço) adotadas pelo governo Donald Trump (EUA) causam impactos na economia mundial e, em particular, na economia brasileira, atingindo diretamente setores como aço e alumínio, mas podem representar oportunidades, inclusive, para a indústria da mineração. Este setor produtivo pode atrair investimentos volumosos para o país. É o que avalia Rinaldo Mancin, diretor de Relações Institucionais do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM). Ele foi um dos palestrantes em reunião da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE), realizada em Brasília, na tarde desta 3ª feira (25/2). Mancin representou o diretor-presidente, Raul Jungmann.
Na opinião do diretor do IBRAM, o tarifaço que afeta o Brasil precisa ser profundamente negociado por vias diplomáticas com o governo norte-americano. Em outro plano, os minerais críticos e estratégicos, como aqueles necessários para promover a transição a energias mais limpas, despertam interesse mundial e o Brasil tem jazidas e reservas de várias dessas substâncias, podendo expandir a produção para se situar como uma das principais fontes a outras nações. No caso do lítio, exemplificou, o Brasil atraiu investimentos para implantar nove empreendimentos minerais no Vale do Jequitinhonha (noroeste de MG), embora haja oferta deste minério em países próximos, como Bolívia, Argentina e Chile. “O Brasil é considerado um país estável para se construir e manter corrente de comércio e relações diplomáticas, não se envolve em conflitos com outras nações, além de contar com atrativos importantes, a exemplo da energia majoritariamente de fontes limpas”, afirmou Mancin aos parlamentares e empresários convidados pela FPE.
Os EUA também se encaixam entre os que demandam minerais críticos do Brasil, especialmente para defesa e desenvolvimento de novas tecnologias. Mancin lembrou ainda que, de olho na corrida por minerais estratégicos, plantas de mineração no Brasil têm sido alvo de aquisição por grupos estrangeiros, caso da produção de níquel da Anglo American Brasil e de estanho da Mineração Taboca por chineses. Para que o país se beneficie ao máximo dessa entrada de capital, se faz necessário adotar políticas públicas que estimulem a expansão da mineração em todas as suas etapas, desde a pesquisa geológica, o que passa por um necessário debate envolvendo os poderes legislativo e executivo, defendeu Mancin.
A reunião foi conduzida pelo presidente da FPE, deputado Joaquim Passarinho (PL-PA) e contou com a presença de vários parlamentares federais. Além de Mancin, o economista, cientista político e diplomata Marcos Troyjo também analisou os impactos da fase inicial do governo Trump. Também participou pelo IBRAM Elena Renovato, coordenadora de Relações Institucionais.