Desempenho da indústria no semestre supera expectativa
11/08/09
O setor industrial atravessou a virada do semestre em clima muito mais otimista do que a expectativa que se desenhava no início do ano, quando uma onda de pânico contribuiu para afundar ainda mais o nível da atividade econômica, deflagrada pela crise financeira internacional. Os rescaldos da crise permanecem, mas seus efeitos sobre a economia goiana já não são tão severos, o que permite antecipar um segundo semestre melhor ? até por uma questão estatística. Os indicadores, daqui para frente, passarão a ser comparados com meses de baixa, especialmente a partir do quarto trimestre.A situação desenha-se mais favorável, como anota a Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) na pesquisa Indicadores Industriais relativa a junho, divulgada ontem, mas não se pode esperar taxas de crescimento mais alentadas. A tendência é de ?recuperação gradual? da atividade industrial, apontam Paulo Afonso Ferreira e Cláudio Henrique de Oliveira, respectivamente, presidente e economista da Fieg.Os números revelados até aqui pela pesquisa superam ?as expectativas mais otimistas, pois houve retração, porém em níveis aceitáveis?. Em junho, com maior número de dias úteis, as vendas da indústria saltaram 9,25% na comparação com maio. E registraram avanço de 1,68% frente a junho do ano passado.No último mês do primeiro semestre, três setores parecem ter exercido maior influência: álcool (salto de 38,3% frente ao mesmo mês de 2008), produtos químicos (mais 28,8%) e metalurgia básica (mais 24,7%). Os destaques negativos ficaram para as confecções, cujas vendas desabaram 73,4%, acumulando perdas de 39% no semestre, e mineradoras (queda de 49,6%). Neste último caso, problemas com o amianto no mercado paulista, que também influenciaram negativamente as exportações em junho, fornecem parte da explicação para o tombo observado.O primeiro semestre encerrou com recuo de 1,7%, sinalizando velocidade de queda mais branda do que os dados anteriores. Nos cinco primeiros meses deste ano, as vendas da indústria haviam encolhido 2,43%. As indústrias de mineração, de confecções, metalurgia básica e de produtos metálicos puxaram o índice para baixo. A perda foi parcialmente compensada pelo aumento das vendas nos setores de alimentação e bebidas, álcool, produtos químicos e móveis e indústrias diversas (com salto de 50,46%).O total de salários pagos pela indústria encerrou o semestre em virtual estabilidade, com variação positiva de 0,52% em relação aos seis primeiros meses de 2008. Os setores de alimentação e de minerais não metálicos evitaram a queda acentuada da massa salarial na indústria, acumulando aumentos de 3,77% e de 12,15%. Confecções, usinas de álcool e móveis cortaram salários entre 17% e 18%. O emprego industrial, que voltou a crescer em junho na comparação com o mês imediatamente anterior (mais 2,16%), não tem reeditado o desempenho exuberante de outras épocas e fechou o semestre com baixa de 2,86%.Ainda como resultado dos ajustes empreendidos pelo setor em função da crise, o total de horas trabalhadas acumulou perdas de 9,09% no semestre, depois de cair 5,17% na comparação com junho de 2008. Esse fator determinou também o recuo de 2,22 pontos percentuais no índice de utilização da capacidade instalada, que permanece abaixo da média observada em 2008.
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