Desembolso do BNDES para o Rio Grande do Norte cai 82,6%
27/07/07
O volume de desembolsos do BNDES para o Rio Grande do Norte caiu 82,6% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período. Segundo o banco, a diferença se deu devido a um financiamento contratado pela Enerbrasil de mais de R$ 100 milhões no ano passado. No entanto, segmentos como indústria têxtil, atividade imobiliária e saúde e serviço social também registraram quedas significativas. Através de sua assessoria de imprensa, o banco explica que o volume de empréstimos é muito relativo, uma vez que está diretamente relacionamento aos planos de investimentos de cada empresa. Entre janeiro e junho deste ano, o volume de empréstimos para o RN somou R$ 28,9 milhões, contra R$ 166,3 milhões do ano passado. A maior parte do valor de 2006, segundo o banco, foi devido a um financimento à Enerbrasil, empresa que implantou o parque eólico de Rio do Fogo (Litoral Norte do RN). Contudo, há atividades onde a redução também foi acentuada, como a indústria de produtos têxteis. No ano passado, o segmento contratou R$ 11,6 milhões. Este ano, foram R$ 154, 8 mil – queda de 98,7%. Além disso, a indústria de confecção, vestuário e acessórios, que tinha financiado R$ 400 mil no ano passado, este ano ainda não fez contrato. Contudo, o presidente do Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem em Geral do estado (Sintêxtil RN), João Lima, concorda com a explicação do banco. De acordo com ele, apesar das dificuldades que o setor tem atravessado devido à desvalorização do dólar e a concorrência dos produtos chineses ilegais, a queda não é indicador da situação da atividade. Quem também apresentou queda foi o segmento descrito pelo BNDES comoAtividade Imobiliária, com valores de R$ 878,1 mil e R$ 317,1 mil em 2006 e este ano, respectivamente. Em Saúde e Serviço Social, o descréscimo foi de 92,1%, saindo de R$ 55,5 milhões para R$ 4,3 milhões. Altas Por outro lado, o setor da agropecuária registrou aumento de 58,4%, com R$ 728,6 mil no ano passado e R$ 1,15 milhão este ano. O segmento industrial de alimentos e bebidas teve alta mais significativa, de 194%, saindo de R$ 1,13 milhão para R$ 3,34 milhões. Contudo, o destaque maior entre os crescimentos foi na indústria de produtos minerais não-metálicos e no comércio e reparação de veículos (422,1% e 455,1%, respectivamente). Há ainda, casos de segmentos que não tinham contratado financiamentos ano passado e aparecem nos números deste ano: indústria extrativa (R$ 58 mil), de produtos de metal (R$ 39,4 milhões), móvel e indústria diversas (R$ 20,7 milhões) e de reciclagem (R$ 33,3 milhões). NE é a região com a menor aplicação de recursos Demandas à parte, o relacionamento do BNDES com o Nordeste não tem tido o mesmo desempenho comemorado em nível nacional. Em todo o país, o banco teve incremento de 35%, totalizando R$ 24,7 bilhões. O destaque ficou para a indústria de transformação, especialmente as áreas petroquímica, mineração, metalurgia, siderurgia e a indústria automobilística – cuja força maior está no Sudeste. Mas, na série histórica do BNDES, o Nordeste é a região com menor valor de recursos aplicados. No ano passado, os desembolsos para empresas nordestinas representou apenas 9,4% do total do país. Para o consultor Renato Garcia, o BNDES, que oferece as melhores taxas a longo prazo ainda está longe do Nordeste e, conseqüentemente, do RN. Na prática por conta da distância do centro de decisão do banco, o BNDES tem dificuldade de entender a realidade do empresariado local. Para ele, a instituição deveria criar um braço específico para a região, a exemplo do que o Banco do Nordeste (BNB) fez, dividindo a superintendência que cuidava do RN e do Ceará para um comando para cada estado. ?Imediatamente os empréstimos no RN e no CE aumentaram, porque havia um superintendente mais próximo?, explica o consultor. Para Garcia, a distância geográfica também separa os pequenos empresários do BNDES, uma vez que valores baixos precisam ser feitos através de outros bancos. O presidente da Federação das Indústrias do RN (Fiern), Flávio Azevedo, reforça que o banco é de difícil acesso a micro e pequenos empresários. O excesso de burocracia e de exigências de garantias dificultam a tomada de empréstimos por parte dos pequenos, diz Azevedo. De acordo com dados do banco, apenas 24% dos financiamentos dos últimos 12 meses foram para empresas com faturamento anual abaixo dos R$ 60 milhões. Vale lembrar que são os grandes grupos os que mais têm facilidade de obter crédito, não apenas junto ao BNDES mas com entidades internacionais e no mercado de capitais.
Tribuna do Norte – RN