CSN prepara-se para retomar projeto de usina em Kentucky
22/11/06
Com o revés sofrido na última semana nas negociações com a Wheeling-Pittsburgh, após ver a eleição de um conselho mais favorável à proposta da Esmark, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) se prepara para ativar seu ?Plano B? e retomar o projeto de construção de uma fábrica de laminados no Estado de Kentucky, nos Estados Unidos, para seguir com seu plano de internacionalização, que inclui avanços na Europa com a proposta pela anglo-holandesa Corus. Embora ainda não descarte um acordo com o grupo norte-americano, o próprio Benjamin Steinbruch, presidente da CSN, admite que ?a eventual aquisição da Wheelingficou mais difícil?.
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?Se não tivermos sucesso nas negociações, passaremos a priorizar o projeto de Kentucky?, diz Steinbruch. Deixada de lado desde o surgimento da proposta pela siderúrgica de Pittsburgh, a laminadora terá capacidade de produzir de 1,5 a 2 milhões de toneladas de aço por ano. Para a sua construção, a CSN terá de realizar um investimento avaliado na casa de US$ 350 milhões. O volume de aço fabricado é um pouco abaixo do total da Wheeling, que produz cerca de 2,8 milhões de toneladas anuais.
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Atualmente, a CSN está presente em Portugal, com a Lusosider, a qual adquiriu os 50% restantes neste ano, e nos Estados Unidos, com a LLC. Mas os negócios são insuficientes para escoar a produção das suas duas novas usinas que serão construídas no Brasil. Um dos projetos, em Itaguaí (RJ), deverá ser inaugurado em 2009. O segundo está em estudo de viabilidade econômica junto à chinesa Baosteel. ?Devemos tomar uma decisão sobre ele nos próximos meses?, diz o presidente. Somados, os investimentos irão acrescentar à companhia um volume de 9 milhões de toneladas de placas em 2010, todas destinadas à exportação. A possível proposta pela Corus, que a CSN deverá confirmar nas próximas semanas, tem como uma das metas absorver o restante das placas produzidas pelas novas usinas.
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Para Pedro Galdi, analisa do setor de siderurgia e mineração do ABN Amro, o mercado brasileiro não suporta um volume tão grande de placas produzidas, o que obriga a CSN a buscar parceiros ou até ativos no exterior. ?Para os negócios da empresa é muito mais vantajoso exportar para um parceiro, ou até para ela própria, do que para um cliente?, diz. Ele ressalta que a empresa tem muito interesse em ampliar a sua participação no mercado norte-americano e, apesar de possuir muitos investimentos anunciados, tem saúde para efetuar estes aportes.
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Corus
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Galdi afirma também que a garantia do fluxo de caixa da Corus para o financiamento adquirido junto aos bancos é um ?alívio? para a CSN, em sua proposta de 475 pence (centavos de libras esterlinas) por ação pela siderúrgica anglo-holandesa, valor 4,4% superior ao da indiana Tata Steel. ?Mas o anúncio de tantos investimentos ao mesmo tempo é uma estratégia perigosa?, afirma o analista.
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A Merrill Lynch divulgou um relatório em que rebaixou de ?comprar? para ?manter? as ações da companhia brasileira. ?Acreditamos que o mercado verá com precaução as ações da CSN enquanto estiver envolvida numa potencial aquisição da Corus?, diz o documento.
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O Unibanco mantém a opção de ?comprar? para as ações da siderúrgica brasileira. ?Nós analisamos que as razões e conseqüências de aquisição da Corus pela CSN poderão dar à companhia brasileira potencial de crescimento e valorização?, afirma o relatório.
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Uma das medidas que a CSN deverá adotar em breve é alienar uma parte das ações da Casa de Pedra. Segundo o diretor financeiro da siderúrgica, Otávio Lazcano, a mina possui um valor aproximado de US$ 8 bilhões, que não é reconhecido pelo mercado. ?Hoje o mercado ignora a Casa de Pedra no valor total da CSN. Vendendo cerca de 10% ou 20% da participação da mina, mostraremos que ela tem valor?, diz o diretor.
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Tata Steel
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Agências internacionais apontam a que nas próximas semanas a Tata deverá elevar a sua proposta pela Corus para cerca de 500 pence por ação. O conselho de administração da empresa irá se reunir na próxima quinta-feira em Mumbai. Segundo analistas ouvidos, a siderúrgica indiana está esperando a confirmação da proposta pela CSN, para depois efetuar a contra-oferta. Por enquanto, a Tata mantém a estratégia de não comentar o assunto.
DCI