CSN melhora oferta para fechar fusão com Wheeling
07/11/06
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) aumentou o preço que está disposta a pagar para expandir suas atividades nos Estados Unidos, numa tentativa de vencer as resistências impostas por vários investidores ao seu plano de fusão com a siderúrgica americana Wheeling-Pittsburgh, apresentado em agosto.
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De acordo com a proposta, os ativos da Wheeling e uma unidade que a CSN opera desde 2001 no Estado de Indiana passariam a ser administrados por uma nova empresa, em que a companhia brasileira teria 49,5% das ações. Os atuais acionistas da Wheeling, que ficariam com 50,5%, não gostaram da idéia de ver suas participações diluídas.
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Num comunicado conjunto com a direção da Wheeling, a CSN anunciou ontem uma oferta melhor. Na hora de trocar suas ações da Wheeling por um pedaço da nova companhia, os investidores teriam a opção de receber uma ação especial que daria o direito de receber da brasileira US$ 30 em dinheiro depois de quatro anos, ampliando os ganhos que eles podem ter se a empresa for bem após a fusão.
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A nova proposta permite que os investidores antecipem parte desses ganhos negociando as novas ações no mercado. O valor das ações da Wheeling-Pittsburgh caiu bastante após o anúncio da proposta de fusão com a CSN, mas depois se recuperou. No fim da manhã de ontem, a ação era negociada a US$ 19,94 e estava em alta de 1,5%.
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“A nova companhia vai criar muito valor com o tempo e essa alternativa dá aos acionistas uma oportunidade de receber parte desse valor em dinheiro hoje com um prêmio significativo sobre o preço atual da ação”, disse o presidente do conselho de administração da Wheeling, James Bradley, no comunicado.
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A Wheeling e a CSN dizem que a idéia despertou interesse no mercado. “Várias instituições financeiras se disseram dispostas a monetizar as [novas] ações para os acionistas, estabelecendo assim um mercado e um preço para essas ações imediatamente”, afirmou o vice-presidente de infra-estrutura e energia da CSN, Marcos Lutz.
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Pelos termos da proposta de fusão, a CSN injetará na nova companhia US$ 225 milhões por meio de um empréstimo que poderá ser convertido em ações no futuro, dando à brasileira o controle sobre o negócio. O comunicado de ontem acena também com a possibilidade de outros benefícios para os atuais acionistas quando chegar o momento de converter o empréstimo.
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A nova proposta da CSN é uma reação diante das críticas que a empresa brasileira tem recebido. Nas últimas semanas, investidores influentes manifestaram apoio a uma oferta rival apresentada pela distribuidora de produtos siderúrgicos Esmark, que há meses tenta tomar o controle da Wheeling e também tem oferecido benefícios para atrair os atuais acionistas.
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As duas propostas precisam do apoio da maioria dos acionistas para ser levadas adiante e a direção da Wheeling, que apóia o plano da CSN, pretende submetê-las a uma assembléia de acionistas em janeiro. Antes haverá uma assembléia no próximo dia 17 para eleger uma nova diretoria para a empresa. Bradley concorre a um novo mandato, mas terá pela frente uma chapa organizada pela Esmark.
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O maior adversário da CSN nessa batalha são os Metalúrgicos Unidos (USW, na sigla em inglês), o sindicato que representa os trabalhadores da Wheeling. Eles controlam mais de um quinto das ações da companhia por meio de um fundo, têm poder de veto sobre qualquer tentativa de transferir o controle da Wheeling e já anunciaram que apóiam a proposta da Esmark.
Valor Econômico