CSN melhora a proposta pela Wheeling
16/11/06
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) deu mais um passo para tentar ganhar o apoio dos acionistas da siderúrgica Wheeling-Pittsburgh para seus planos de expansão nos Estados Unidos, mas ainda parece longe de vencer o principal obstáculo que apareceu no seu caminho, o sindicato que defende os interesses dos trabalhadores da empresa.
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Na terça-feira, a CSN anunciou novas mudanças na sua proposta de fusão com a Wheeling. Aumentou o volume de recursos que pretende injetar no negócio e ofereceu mais incentivos para os atuais acionistas da americana, que temem ver diluído o valor de suas participações com a transação.
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Esta foi a segunda vez que a CSN promoveu ajustes em sua oferta nos últimos dias. A empresa tem encontrado dificuldades para convencer os investidores a aceitar sua proposta. Há dúvidas sobre os benefícios financeiros da operação e a oposição do sindicato gera incertezas em torno do futuro da Wheeling sob o comando da CSN.
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Os acionistas da Wheeling se reúnem amanhã para escolher nova diretoria para a companhia. O encontro poderá ser decisivo para a CSN. Contra a atual diretoria, que é a favor dos seus planos, concorre uma chapa patrocinada pela distribuidora de produtos siderúrgicos Esmark, que também quer o controle da Wheeling e assegurou há meses o apoio do sindicato.
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Os Metalúrgicos Unidos (USW, na sigla em inglês) reagiram manifestando desprezo pela nova proposta da CSN. “Ela não é melhor para o sindicato e, francamente, não acho que seja nem um pouco melhor para os acionistas também”, disse David McCall, diretor do USW que representa o sindicato na negociação com a Wheeling.
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O contrato coletivo que protege os interesses dos trabalhadores da empresa dá ao sindicato o poder de vetar qualquer tentativa de transferência do controle da Wheeling. O USW teme que a CSN corte benefícios assegurados pelo contrato aos operários se assumir o controle da Wheeling e ameaça recorrer à Justiça para deter a empresa brasileira.
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A aposta da CSN é que ela terá melhores condições de enfrentar o sindicato se assegurar primeiro o apoio dos acionistas. “Esta é uma proposta vencedora para todos os acionistas”, disse o diretor de infra-estrutura e energia da CSN, Marcos Lutz, no comunicado em que a nova oferta foi anunciada. “Eles terão mais valor, mais opções, mais controle e uma empresa mais forte.”
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A proposta da CSN prevê duas etapas. Primeiro, seria formada uma nova companhia para administrar os ativos da Wheeling e uma planta adquirida pela CSN em 2001 nos EUA. A siderúrgica brasileira teria 49,5% das ações da nova empresa e injetaria US$ 225 milhões nela, US$ 50 milhões em dinheiro e o restante por meio de um empréstimo.
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Numa segunda etapa, prevista para três anos depois da fusão, a CSN poderia ampliar sua participação para 60,5%, recebendo ações da nova companhia como pagamento pelo empréstimo. Como a empresa reconhece, essa etapa só poderá ser completada se ela chegar a um acordo com o USW sobre os compromissos da Wheeling com os empregados.
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Para os investidores que aceitarem trocar suas ações por papéis da nova empresa, a CSN promete pagar US$ 32 por ação após quatro anos. Oferece ainda a eles a chance de adquirir novas ações da empresa por um preço camarada um ano depois da fusão. No início da tarde de ontem, as ações da Wheeling eram negociadas a US$ 19,18.
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Num momento em que a indústria siderúrgica está se consolidando em torno de grupos poderosos como o Mittal, a transação com a Wheeling é importante para a CSN porque ampliaria sua participação no mercado americano e asseguraria a demanda pelas chapas de aço que ela produz no Brasil, que passariam a abastecer a nova empresa formada com a fusão.
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Em outro comunicado divulgado ontem, a CSN anunciou os nomes dos executivos brasileiros que indicará para o conselho de administração da nova companhia se sua proposta for levada adiante. Além de Marcos Lutz, a CSN indicará seu diretor financeiro, Otávio de Garcia Lazcano, e o vice-presidente de operações, Enéas Garcia Diniz. (Com agências internacionais)
Valor Econômico