CSN diz que pode vender minério de Casa de Pedra apesar de Vale
26/04/07
Por Cesar Bianconi
SÃO PAULO (Reuters) – A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) procurou tranquilizar analistas e investidores nesta quinta-feira sobre sua capacidade de vender o minério de Casa de Pedra a terceiros, apesar do direito de preferência da Companhia Vale do Rio Doce sobre o excedente dessa produção.
“Não se preocupem com o contrato de preferência de minério de Casa de Pedra”, disse a analistas o presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, durante visita às instalações do porto de Itaguaí, no Rio de Janeiro, transmitido via Internet.
“Temos várias opções de fazer valer a venda do minério de Casa de Pedra, dando a preferência à Vale do Rio Doce. Agora, de forma nenhuma inviabilizando o fluxo de caixa da produção desse minério”, acrescentou, sem dar detalhes. Uma opção, segundo analistas, seria vender para a própria Vale.
A Vale tem direito de preferência de compra sobre a produção excedente de Casa de Pedra não destinada à produção siderúrgica da CSN. A restrição faz parte do acordo firmado na época do descruzamento acionário entre as duas empresas, em 2001. CSN e Vale travam batalha jurídica sobre a manutenção desse direito.
De acordo com a assessoria da Vale, no momento adequado a mineradora vai avaliar a questão.
O diretor de mineração da CSN, Juarez Saliba, disse que os potenciais clientes do grupo sabem do direito da Vale.
“Apesar disso, a grande maiora deles está disposta a colocar oferta de longo prazo para que a gente possa oferecer (o minério) à Vale e, se a Vale não comprar, a gente repassar a eles”, disse Saliba.
O plano corrente da CSN na área de mineração prevê investimentos de 1,5 bilhão a 1,7 bilhão de dólares, elevando a capacidade de Casa de Pedra de 16 milhões de toneladas para 53 milhões de toneladas anuais a partir de 2010.
“A mineração (na CSN) vai chegar em 2008, 2009 quase do tamanho que a siderurgia é hoje… Vocês podem considerar isso nos cálculos de vocês”, afirmou Steinbruch aos analistas.
Segundo o diretor de mineração da CSN, está sendo feita sondagem que deve “agregar algo bem além de 200 milhões de toneladas” à reserva provada e provável de minério de Casa de Pedra, hoje de 1,6 bilhão de toneladas. Os recursos minerais são de cerca de 6 bilhões de toneladas.
A CSN está adaptando o porto de Itaguaí para exportar minério e já despachou cerca de 1 milhão de toneladas da commodity em cerca de dois meses de operação. A expectativa de Saliba é que a CSN exporte 5 milhões de toneladas de minério este ano.
A CSN pretende atingir vendas anuais médias de 75 milhões de toneladas de minério de ferro, mas não informou quando esse volume seria alcançado. Mas Saliba afirmou que 20 milhões seriam para consumo próprio, 5 milhões para venda no mercado interno e 50 milhões para vendas externas.
“O projeto que a gente está desenhando agora leva o porto de Itaguaí para 60 milhões de toneladas de capacidade (por ano)”, antecipou o diretor.
A cisão de Casa de Pedra e oferta pública de ações da mina continua em estudo, de acordo com os executivos da CSN. O ativo é avaliado em entre 8 bilhões e 10 bilhões de dólares, o dobro do estimado em março do ano passado, quando a companhia aprovou a contratação de um banco de investimento para analisar o negócio.
Além dos planos na mineração, a CSN tem projeto ambicioso de triplicar sua capacidade de produção de aço, atualmente em 4,5 milhões de toneladas por ano, com duas novas usinas, uma no Rio de Janeiro e outra em Minas, com investimentos de 6 bilhões de dólares até o final da década.
Reuters