Crise trará oportunidades de compras, diz Agnelli
20/10/08
A Vale está preparada para a crise que se agravou nas últimas semanas, mas que poderá até criar oportunidades de novas aquisições, disse ontem o presidente da companhia, Roger Agnelli. “Quem não estava preparado para essa crise vai ser expulso do mercado. E quem se preparou direitinho para a crise vai poder ter muitas oportunidades pela frente.” Segundo ele, haverá opções “baratas” daqui para a frente. As ações da Vale, acompanhando a turbulência do mercado financeiro, caíram 28% nos últimos 30 dias. Os efeitos nocivos da especulação sobre os papéis da empresa não parecem, entretanto, assustar Agnelli. “A Vale se preparou, com um trabalho forte de redução de custos, se diversificou em termos de produtos, se internacionalizou, tem todos os financiamentos necessários para seus projetos já contratados. Então, nós estamos absolutamente prontos para tirar vantagem ou aproveitar oportunidades que possam aparecer pela frente”, afirmou, após lançar, em Tucumã, no Pará, o primeiro programa nacional de responsabilidade social da empresa. A avaliação otimista em relação às perspectivas para a empresa que preside, no entanto, não é compartilhado por Agnelli no que diz respeito às perspectivas para os desdobramentos da crise na economia mundial. “Vamos ter, pelo menos, seis meses de um ajuste fortíssimo em todos os mercados. Isso nós estamos absolutamente conscientes”, disse, acrescentando que “a crise é profunda, dura, fortíssima, e quem não estava preparado vai ser expulso do mercado”. Por outro lado, garante que quem está preparado, como a Vale, têm até mesmo perspectivas de ganhos. “Podemos substituir um investimento por uma aquisição, temos todas as posições abertas”, disse. Ele argumenta que “se aparecer alguma coisa barata“, a intenção é comprar. Agnelli voltou a deixar claro, no entanto, que a prioridade da empresa é o crescimento orgânico. “O que vamos fazer agora é terminar todos os projetos que a gente começou, não vamos deixar nenhum investimento parado. Vamos conduzir com tranqüilidade. Porque quando a gente decide fazer um investimento, a visão é de longo prazo”, afirmou. A Vale divulgou na quinta-feira o programa de investimentos para 2009, que totaliza US$ 14,2 bilhões. O programa prevê a execução de cerca de 30 projetos, localizados no Brasil, Canadá, Moçambique, Omã, Austrália, Indonésia e Peru, entre outros. De acordo com a empresa, os investimentos no Brasil receberão 69,8% dos recursos orçados para 2009, totalizando US$ 9,9 bilhões. Minério – Agnelli negou que a Vale estaria suspendendo o fornecimento de minério para uma das maiores produtoras de aço da China, como forma de pressionar a sua cliente a aceitar reajuste, segundo tem divulgado a imprensa chinesa. “Em relação ao embarque, se a gente tem o contrato, e está tudo acertado, não tem porque não embarcar”, afirmou. O executivo admite que o momento é incerto para a cotação do minério e, no caso do níquel, a baixa cotação inviabiliza novos investimentos. No plano para 2009, a Vale informou que o projeto de Vermelho, no Pará, foi postergado. “Se continuar nesses níveis de preço, de US$ 11 mil a tonelada, praticamente não haverá mais nenhum novo investimento em níquel no mundo”. Segundo ele, o adiamento ocorre não apenas por causa do preço, mas também pelo atraso no licenciamento ambiental.
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