Crise reduz fusões e aquisições em 11%
26/01/09
O número de transações de fusões e aquisições realizadas no Brasil apresentou queda de 11% em 2008. Segundo relatório da PricewaterhouseCoopers (PwC), a redução é reflexo da crise que atinge o mercado financeiro. Durante todo o ano passado, foram feitos 82 negócios a menos que em 2007, com um total de 639 transações. Os números, no entanto, não assustam se comparados aos registrados em 2006, quando houve um aumento de 25% em relação ao ano anterior. Os resultados do relatório mostram ainda que os grupos nacionais continuam na liderança em compras de participação.Para o consultor de negócios Marco Aurélio Militelli, especialista em processos de fusões e aquisições, o número de transações foi afetado essencialmente pela crise econômica mundial. Com a alteração do cenário financeiro e as novas configurações de mercado, negócios que estavam por acontecer foram postergados ou até mesmo cancelados, pois a crise mudou a expectativa do comprador. “Acompanhei processos no ano passado que acabaram não ocorrendo justamente pelo impacto nas vendas gerado pela crise”, conta. A análise da PwC mostra que a queda no número de transações está concentrada no quarto trimestre de 2008, quando o País realmente sentiu os efeitos da crise internacional. Os negócios nesse período tiveram redução de 40%, em relação a 2007. Somente no mês de dezembro do ano passado houve uma diminuição de 50% nas transações, se comparado ao ano anterior. “É preciso levar em conta, porém, que o Brasil vinha com um número muito alto de transações até o último trimestre do ano”, ressalta o especialista Alexandre Pierantoni, um dos responsáveis pelo relatório da PwC. Exatamente neste período de crise é que ocorreram negócios expressivos, como a compra da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil por R$ 5,38 bilhões, em novembro. As transações entre instituições financeiras comandaram grande parte dos negócios registrados. No total, foram 35 processos de fusão ou aquisição durante 2008. O negócio mais importante do ano, segundo Militelli, também está incluído neste registro. A fusão do Itaú com o Unibanco surpreendeu muito os analistas. “Foi o destaque absoluto do ano passado, pela representatividade e pela importância no setor”, declara Pierantoni.No entanto, mesmo não registrando valores expressivos de negociação, o setor que obteve maior número de transações foi o de alimentos, principalmente frigoríficos, abatedouros e laticínios, apresentando 12% do total de negócios. Em segundo lugar ficou o segmento de educação, com cerca de 8% das transações. De acordo com o relatório, os números mostram que houve um movimento de consolidação das instituições de ensino superior por alguns operadores, notadamente a Estácio de Sá, o grupo Anhanguera e a Kroton Educacional, que acumularam 35 negócios no ano passado.A maior transação registrada, entretanto, está relacionada ao setor de mineração. Em janeiro de 2008, a Anglo American comprou a MMX por US$ 5,5 bilhões. Este segmento também foi destaque para o Rio Grande do Sul, com a aquisição parcial de 20% da espanhola Corporación Sidenor S.A. e a compra total da alemã Kerspe pela Gerdau, além da venda da Zamprogna para a Usiminas.
Jornal do Comércio – Porto Alegre