01/10/08

BELÉM (PA) – Para o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Paulo Camillo Penna, a atual crise financeira originada nos Estados Unidos não deverá afetar os investimentos previstos para o setor mineral na Amazônia, que deverão atingir US$ 24,8 bilhões este ano e chegar a US$ 57 bilhões em 2012. Ele acredita que a demanda pelas commodities minerais continuará aquecida, principalmente no mercado asiático, apesar da previsão de pequena queda no ritmo de crescimento de países como a China e a Índia. Mas Paulo Camillo alerta para a necessidade do país superar alguns entraves, como o atraso na concessão do licenciamento ambiental e deficiências na logística e na oferta de energia para os novos empreendimentos. Segundo ele, o Brasil já está perdendo alguns investimentos na área mineral para países africanos por causa desses entraves, incluindo a pesada carga tributária da mineração ? um estudo feito pela consultoria internacional Ernst & Young mostra que o Brasil é o país que cobra a maior carga tributária sobre 12 minérios, na comparação com outras 20 nações que com ele concorrem no disputado mercado de commodities minerais. ?É preciso aproveitar esse importante ciclo mineral para gerar mais riquezas para o país?, afirma ele. Essas questões foram colocadas pelo presidente do Ibram na manhã desta terça-feira (30), durante um café da manhã na sede da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa) em Belém, quando o órgão que congrega 180 empresas e representa mais de 85% da produção mineral brasileira fez o lançamento da Balança Comercial Mineral da Amazônia. Em sua exposição, Paulo Camillo lembrou que no ano passado, quando teve início, em fevereiro, a crise provocada pelos créditos hipotecários nos Estados Unidos, os investimentos na mineração brasileira continuaram crescendo e tiveram que ser revistos pelo próprio Ibram. Em janeiro do ano passado a previsão seria de investimentos de US$ 25 bilhões entre 2008 e 2012. Em julho, a previsão foi elevada para US$ 28 bilhões, para US$ 32 bilhões em setembro e para US$ 48 bilhões em janeiro de 2008, chegando a US$ 57 bilhões em julho deste ano. A Amazônia Legal terá 44% do total dos investimentos, o equivalente a US$ 24,8 bilhões. E, na região, o Pará responderá por 41% (US$ 23 bilhões), com destaque para os projetos de minério de ferro, bauxita, alumina, cobre, níquel, logística e geração de energia. Paulo Camillo afirmou ainda que, apesar das empresas de mineração não terem a obrigação pela verticalização da produção mineral, elas estão contribuindo de maneira significativa para que isso aconteça. Ele destacou o caso da Vale, que anunciou a implantação de uma grande siderúrgica para a produção de placas e chapas de aço em Marabá, que deverá atrair outras indústrias para a região. ?Isso deverá alavancar novos investimentos, além dos que já estão previstos?, garante o dirigente do Ibram. Balança – De acordo com o levantamento do Ibram, no período de janeiro a agosto de 2008, a exportação brasileira atingiu US$ 130 bilhões. Juntas, a indústria extrativa e a de transformação mineral contribuíram com 20% deste valor. A indústria extrativa contribuiu com US$ 12 bilhões em exportações (9%) e a indústria de transformação mineral, com US$ 14 bilhões (11%). O presidente do Ibram mostrou também que hoje a indústria extrativa mineral responde por 25% do total da exportação da Amazônia, sendo a participação relativa da indústria de transformação mineral de 21%. Comparativamente ao mesmo período do ano passado, observou-se um crescimento de 48% na exportação da indústria extrativa da região e de 21% na de transformação mineral. Na pauta mineral, destacaram-se as exportações de minério de ferro, cobre e manganês. Os três juntos representam 89% da comercialização de minérios da Amazônia ao exterior. Na pauta de transformação, destacaram-se as exportações de ferro gusa, alumínio e alumina, que juntos representam 88% da exportação deste segmento. China, Japão e Alemanha são os principais destinos da exportação mineral amazônica, recebendo 49% do total das exportações. Só a China ficou com 25%. Em termos nacionais, a Amazônia destaca-se pela participação do Pará como o segundo maior estado exportador de minérios, atrás apenas de Minas Gerais, sendo seguido pelo Maranhão e pelo Amapá, que ocupam, respectivamente, a quinta e a sétima posições entre os maiores exportadores minerais do Brasil. Congresso e exposição – O Ibram aproveitou o encontro com os jornalistas para apresentar mais detalhes dos dois eventos que promoverá em Belém, o I Congresso de Mineração da Amazônia e a Exposição Internacional de Mineração da Amazônia (EXPOSIBRAM), de 10 a 13 de novembro, no Hangar ? Centro de Feiras e Convenções da Amazônia. Serão abordadas questões como globalização, mão-de-obra, ciência e tecnologia, mercado, economia emergente e conservação ambiental, em palestras e painéis temáticos por especialistas como Evando Mirra de Paula e Silva, gerente de Tecnologia e Inovação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, que vai falar sobre ?Necessidades de formação de mão-de-obra para o setor mineral?; o economista Paulo Haddad (ex-Ministro da Fazenda e do Planejamento), que vai tratar sobre as exigências do mercado mineral na palestra ?Novas externalidades e barreiras não-alfandegárias para a mineração brasileira?; e Anthony Hodge, presidente do Conselho Internacional de Mineração e Metais (ICMM), que terá no congresso seu primeiro grande compromisso oficial à frente do conselho. Ele vai proferir a palestra ?Mineração na era da sustentabilidade?. Empresários e representantes de associações do Canadá, Austrália, Chile e Peru, que têm forte economia mineral já confirmaram presença na EXPOSIBRAM Amazônia. Entre os 121 expositores, 36 são empresas paraenses. Também já garantiram participação no evento grandes mineradoras que atuam na região, como Vale, Alubar, Imerys, MRN, Alcoa e Globe Metais. (da redação/Informações Pará Negócios)

Diário do Pará Online