Cresce o interesse por terras raras
13/12/11
O conjunto de 17 minerais conhecido como terras raras nunca teve tanto destaque como agora. O mundo despertou para a importância de materiais com nomes estranhos, como lantânio, neodímio, disprósio, promécio e samário, dois anos atrás, quando a China, detentora de 95% da produção global e que manteve os preços baixos por muitos anos, resolveu impor cotas de exportação para outros países e os preços dispararam. Utilizados em uma extensa lista de produtos, como superímãs que transformam energia elétrica em mecânica, telas de tablets, notebooks, celulares, iPods, fibras óticas e painéis solares, esses minérios passaram a ser considerados material estratégico. Há no momento 400 projetos em andamento no mundo todo, o maior deles por Austrália e Malásia.
O Brasil, que já produziu terras raras, tem potencial para se beneficiar desse mercado. Não existe levantamento preciso das reservas brasileiras, mas há registros da ocorrência de terras raras em várias regiões do país e os principais institutos de pesquisa passaram a se dedicar ao desenvolvimento de tecnologia para a exploração desses minerais. No final de novembro, a Vale divulgou a descoberta de terras raras ao lado das jazidas de rochas fosfáticas em Patrocínio (MG), das quais detém a concessão, e que pretende explorá-las. O projeto não tem cronograma definido e os estudos estão no início.
A notícia foi a senha para que outras empresas declarassem interesse por criar uma cadeia produtiva de terras raras, desenvolvido pela Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras (Fundação Certi), de Santa Catarina, Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), de São Paulo, e Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), do Ministério de Ciência e Tecnologia, do Rio. “Estamos fazendo o trabalho teórico de levantar dados e consultamos empresas para saber se valia a pena seguir com o projeto e a resposta era não sei”, diz Fernando Landgraf, diretor de inovação do IPT. Várias empresas declararam interesse em operar com esses minerais. Segundo Landgraf, houve interesse de dez companhias.
A cadeia produtiva é longa. A primeira fase é a da mineração. Como o minério tem só 2% de terras raras, a primeira etapa consiste em separar o minério da areia e outras substâncias. É possível elevar a concentração a 50% de terras raras, diz Landgraf, mas, quimicamente junto com os minerais há substâncias radioativas, como tório e urânio, que são separados.. Depois, é preciso separar os próprios minerais uns dos outros. Na sequência, vem a etapa de redução eletroquímica para se obter o metal.
Valor Econômico