Crédito deve seguir em alta, mas commodities são incerteza
26/11/08
SÃO PAULO – Um dos reflexos da crise internacional no Brasil, a escassez de crédito, promete desacelerar o ritmo de crescimento da oferta de recursos. Entretanto, não haverá queda. Porém, a redução contínua na cotação mundial do preço das commodities tende a prejudicar o Brasil, deixando o País mais “pobre” no comércio. De acordo com Márcio Nakane, economista da Consultoria Tendências, o saldo de crédito para pessoa física em 2009 crescerá 13,2%, somando R$ 439,319 milhões. O avanço será menor do que o previsto para o fechamento de 2008, com aumento de 16,1%, cravando a marca de R$ 388,073 milhões. Ambos os percentuais de crescimento são inferiores aos alcançados em 2006 e 2007, 21% e 27,8% respectivamente. Em se tratando do volume destinado à pessoa jurídica, o resultado não é diferente. Em 2009 o montante crescerá 12,7%, chegando a R$ 496,129 milhões, contra o aumento de 21,9% (R$ 440,323 milhões) que deve ser registrado em 2009. “Não estamos vendo um cenário tão catastrófico para a economia brasileira. Haverá desaceleração, mas não um colapso”, afirma Nakane.O economista-chefe do banco Santander, Alexandre Schwartsman, e o CFO da Vale do Rio Doce, Fábio de Oliveira Barbosa, afirmam que o problema da crise que mais “empobrece” o Brasil é, na realidade, a queda do preço das commodities, mas ainda existe uma possibilidade de o impacto ser menor. “O fato de os emergentes ainda crescerem e necessitarem de demanda por produtos básicos gera uma esperança de que os preços possam subir um pouco”, aposta Schwartsman. Para Barbosa, “os preços não voltarão ao patamar anterior à crise. Os valores refletirão a realidade dos novos consumidores”, conclui.SpreadDe acordo com Nakane, a incerteza no mercado manterá elevada também a taxa do spread bancário cobrada no País. A taxa de spread deve fechar 2008 em 25,2% ao ano; em 2009 o volume deve ficar em 22,2%. As taxas de captação devem se manter a 15,1% ao ano. Uma preocupação apontada pelo economista se deve a taxa de inadimplência para pessoa física, que deve subir para 7,8% nesse ano e cair para 7,6% em 2009. Em relação à pessoa jurídica, o percentual fechará 2008 com 2,1% e 2,2% no ano que vem.Para o economista-chefe do Banco do Brasil, Uilson Melo Araújo, é preciso atenção ao nível de comprometimento da renda dos brasileiros no próximo ano. “Não é desprezível o risco de deterioração da inadimplência em 2009”, acredita.Na opinião de Paulo Rabello de Castro, economista da Fecomércio, o Brasil deve encarar a desaceleração como um processo natural desse momento de crise. “O Brasil tem agora uma grande oportunidade de consolidar o real no regime financeiro mundial. O País pode ser um dos ganhadores da crise quando esse processo acabar”, aposta .
DCI