Coquepar retomará construção de fábricas
16/07/09
Depois de sete meses esperando pela reação do mercado, a Companhia de Coque Calcinado de Petróleo S.A. (Coquepar) decidiu que a conjuntura já é favorável à retomada do seu projeto de construir duas fábricas, cada uma com capacidade para produzir 350 mil toneladas anuais, no Rio de Janeiro e no Paraná, com investimentos totais de aproximadamente R$ 1 bilhão – R$ 500 milhões cada. A fábrica do Rio começa a ser construída ainda este ano e tem operação prevista para meados de 2012.
A Coquepar é uma associação da Petrobras (40%) com o grupo Unimetal (30%) e o fundo Energy Investments (30%). Ontem, na sede da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado do Rio de Janeiro, a empresa assinou com a UTC Engenharia contrato para a elaboração do projeto básico e construção em seguida da primeira unidade de coque calcinado da empresa, no município de Seropédica, região metropolitana da capital, em um terreno próximo à rodovia Presidente Dutra (Rio-São Paulo) e à margem do traçado do futuro arco rodoviário do Rio.
O coque calcinado é um derivado do coque de petróleo produzido em refinaria, usado no processo de transformação da alumina, primeira etapa de transformação do minério de bauxita, em alumínio. O diretor-superintendente da Coquepar, Rubens Novicki, disse que o projeto foi retardado em cerca de sete meses para permitir “uma análise do mercado e das consequências da crise internacional”. “A crise afetou o mercado de alumínio, mas como teremos dois anos de trabalho para construir a planta, nossa avaliação foi que em 2012 a demanda já terá sido totalmente retomada”, explicou.
A segunda unidade, que ficará no município paranaense de Araucária, ao lado da refinaria local da Petrobras (Repar), já tinha uma defasagem de seis meses em relação à do Rio no projeto original. Segundo Novicki, o mais provável agora é que a diferença de tempo entre a operação da primeira e da segunda suba para um ano, até porque as obras no Paraná precisam estar alinhadas com a disponibilidade de coque na Repar. Para a unidade do Rio, a matéria-prima sairá das refinarias de Duque de Caxias, RJ (Reduc), e de Paulínia, SP (Replan).
A Coquepar nasceu como uma empresa exportadora. Cerca de 90% da sua produção deverá ser vendido a mercados internacionais, aproveitando a boa aceitação do coque brasileiro que tem baixo teor de enxofre. No caso da planta do Rio, o objetivo será favorecido pela vizinhança com o porto de Itaguaí. Já a produção de Araucária será escoada pelo porto de São Francisco do Sul (SC).
A Petrobras, em sociedade com o Unimetal, já controla outra empresa produtora de coque calcinado, a Petrocoque, localizada em Cubatão (SP) que acaba de aumentar sua capacidade de produção para 500 mil toneladas anuais, estas totalmente destinadas ao mercado interno.
A direção da Coquepar estima que a planta de Seropédica vai gerar por ano cerca de US$ 130 milhões em receita de exportação. A fábrica produzirá 36 MW de energia com os gases gerados pela calcinação (queima) do coque e venderá ao mercado. Na próxima semana, a empresa pedirá financiamento ao BNDES e negocia com o governo do Rio o diferimento do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) gerado pela compra da matéria-prima.
Valor Econômico