Congresso discute destinação de resíduos da mineração
20/09/17
A gestão dos resíduos representa um dos principais desafios para a mineração. O setor tem agido firmemente para lidar com a eficiência no uso dos recursos e também para desenvolver e aplicar tecnologias que permitam o aproveitamento dos mesmos, de modo a alcançar um patamar de qualidade operacional que garanta a segurança da vida como um dos seus paradigmas. O assunto foi pauta do painel “Os desafios para a gestão de resíduos na mineração”, realizado no segundo dia do 17º Congresso Brasileiro de Mineração, que integra a programação da EXPOSIBRAM 2017. O painel teve a mediação do assessor especial para o Projeto Nova Mineração, da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais(Fapemig), Renato Ribeiro Ciminelli.
O encontro contou com a presença de Joe Cucuzza, diretor-geral da Amira International, associação responsável pelo desenvolvimento de projetos de pesquisa e de aplicação colaborativas em instalações industriais. Por meio desse processo, as empresas podem, conjuntamente, financiar pesquisas e compartilhar os benefícios trazidos pelos estudos, um modelo que tem apresentado resultados positivos na Austrália – um dos países mais competitivos no ranking da mineração mundial.
Sociedade apresentará demanda cada vez maior por minérios
Cucuzza falou sobre a geração de resíduos em escala mundial e das tendências para a indústria da mineração em relação ao assunto. Um importante ponto abordado tem a ver com a Licença Social para Operar e com o posicionamento da sociedade, que apresenta uma demanda cada vez maior por uma mineração com mínimo impacto ambiental, capaz de eliminar resíduos, maximizando o reúso e a reciclagem. “É preciso ‘reimaginar’ como será a futuro da mineração. Muitas mineradoras estão seriamente comprometidas com estas questões, mas elas usualmente caminham sozinhas, sem que haja um diálogo a respeito das práticas adotadas”, lamentou.
Em sua participação, o pesquisador da Embrapa Cerrado, Eder de Souza Martins, garantiu: “É preciso olhar a geração de resíduos como uma oportunidade”. O representante falou ainda sobre o uso de resíduos da mineração na agricultura e também sobre a agrogeologia– ciência que estuda processos geológicos que influenciam a distribuição e formação dos solos, bem como a aplicação de materiais geológicos em sistemas agrícolas e florestais como forma de manter e melhorar a produtividade do solo para o aumento dos benefícios sociais, econômicos e ambientais.
Dependência de 100% do potássio importado
“O resíduo deve ser sempre considerado como recurso. Precisamos promover uma aproximação maior entre a agricultura e a mineração. Somos extremamente dependentes de fertilizantes produzidos no hemisfério Norte – resultado, entre outras questões, do aumento do uso de fertilizantes nos últimos tempos, e nos tornaremos 100% dependente do potássio em breve”, alertou.
Ficou a cargo da engenheira Alessandra de Almeida, da Samarco, a apresentação sobre o trabalho que a empresa vem fazendo em relação aos rejeitos. Além de traçar um breve histórico da mineradora, lembrando que inovação e tecnologia sempre estiveram presentes nesta trajetória, a representante rememorou o rompimento da Barragem de Fundão, localizada no distrito de Bento Rodrigues (MG), em novembro de 2015. Como parte das ações de continuidade das ações de recuperação, Almeida citou a criação da Fundação Renova.
Rejeitos viram produtos úteis
Do ponto de vista da gestão de rejeitos, ela elencou os pilares considerados fundamentais – a redução dos resíduos, as formas de fazer sua disposição e seu aproveitamento em outros setores industriais, “para que deixem de ser rejeitos e se tornem recursos, sendo transformados em produtos como artefatos cerâmicos, pigmentos para tintas, ladrilhos hidráulicos, blocos pré-moldados etc”.
Um dos desafios para esta produção, de acordo com a engenheira, está relacionado à questão mercadológica e logística, além da atração de pequenos empreendedores nos arredores das minas. “A China é um exemplo a ser seguido. Lá, o governo, a indústria e a academia estão envolvidos. É a união destes três setores que transforma a mineração. A cooperação é fundamental para o desenvolvimento”, afirmou.