Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias: painel debate desafios e oportunidades da Amazônia
31/08/23
Em mesa com grande diversidade, painelistas apresentam conquistas e demandas dos povos amazônidas
A mesa inaugural da Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias teve como tema “O que a Amazônia oferece & o que o mundo precisa”. Mediada pela jornalista Leila Sterenberg, a atividade encerrou o primeiro dia do evento e reuniu lideranças do setor empresarial, de povos e comunidades tradicionais e do governo do Pará em torno de alguns pontos fundamentais no debate sobre a transição para a economia verde.
Primeira a falar, a secretária de Povos Tradicionais do Pará, Puyr Tembé, destacou o papel do Estado na defesa e promoção de políticas públicas para povos e comunidades tradicionais. “Estou falando de populações que estão aqui há milhares de anos, apesar de parecer que as pessoas despertaram agora para esses povos. Não dá para falarmos de uma Amazônia sustentável e não falar em garantir os territórios desses povos. É papel do Estado defender os povos que aqui estão”.
Em seguida, Neidinha Suruí, da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, festejou a semente que está sendo plantada em relação ao fortalecimento do diálogo entre o empresariado e a população local, indígenas e quilombolas. “Contudo, essa semente precisa ser regada. Não adianta nada estarmos aqui fazendo uma discussão linda, falando de desenvolvimento sustentável quando a prática é outra. Estamos abertos para conversar, mas com demarcação de terra indígena, de quilombo, e com respeito à socio biodiversidade”.
Respondendo à fala da representante indígena, o diretor presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Raul Jungmann, ressaltou que “quem faz mineração e quem vive na Amazônia estão no mesmo barco”, referindo-se à responsabilidade comum de trabalhar por um desenvolvimento sustentável. “Ou tem saída para todo mundo ou não tem para ninguém”. Jungmann reforçou que a forma que o setor tem de contribuir é atuando para colaborar com a floresta viva, respeitando as populações, mas também buscando soluções.
Ao pontuar os 40 anos de atuação da Vale na região, o diretor presidente da empresa, Eduardo Bartolomeo, ressaltou que “desenvolvimento sustentável é deixar a floresta em pé e as pessoas vivendo dignamente”. Já a diretora da Filha do Combu Chocolates e Doces Artesanais, Izete dos Santos Costa, a Nena, pontou a dificuldade de acessar maquinários e inovações como um aspecto a ser superado no caminho para as novas economias. “Hoje falamos muito em sustentabilidade, mas não é dado às pessoas da floresta o acesso à tecnologia para isso, para facilitar a extração sustentável de tudo aquilo que temos na floresta”.
Com uma fala forte, Joanna Martins, CEO e diretora de operações da Manioca destacou a necessidade de valorização da gastronomia e da cultura alimentar amazônidas. “Não queremos ser fornecedores de matéria-prima, mas de soluções a serem construídas junto com a gente. Não tenho a menor dúvida de que a gastronomia é um soft power poderosíssimo não só para a Amazônia, mas para o Brasil como um todo”. Também presente ao debate, o diretor-presidente da Bemol, Denis Minev, criticou a baixa ambição do país em relação à Amazônia. “O Brasil nunca escolheu a Amazônia como seu foco de desenvolvimento. Sempre foi uma área secundária, problemática e nunca uma área a partir da qual o país pode se reinventar”.
Por fim, Oskar Metsavaht, fundador da Osklen, do Instituto-E e embaixador da Boa Vontade da UNESCO para Sustentabilidade, destacou a capacidade da moda de criar percepção de valor e de transformar commodities em produtos úteis e desejados pela comunidade.
Sobre a Conferência
A Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias é promovida pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), organização sem fins lucrativos, que reúne mais de 130 empresas e instituições que atuam no setor mineral e assumiram o compromisso de proteger a Amazônia. O IBRAM e seus associados estão comprometidos com inovações no setor e com a difusão das melhores práticas empresariais e ambientais.
O evento reúne representantes dos povos da floresta, da sociedade civil, academia, setores públicos e privados na capital paraense para tratar de questões que envolvem meio ambiente, economia e desenvolvimento sustentável.
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