Comissão vai monitorar impacto do amianto na saúde e ambiente
03/04/08
O secretário da Saúde do estado, Jorge Solla, instala oficialmente hoje a comissão intersetorial de acompanhamento do manejo e prevenção de impactos à saúde e ao meio ambiente decorrentes da exploração e uso de amianto e outros minerais no estado da Bahia e também a campanha Amianto ? Desinformação Mata. O reconhecimento do impacto negativo do amianto sobre a saúde humana já levou ao seu banimento e substituição por fibras plásticas ou orgânicas em mais de 45 países, enquanto o Brasil mantém a política do uso controlado do amianto crisotila, tipo que constitui a quase totalidade das jazidas existentes no país.
A campanha Amianto ? Desinformação mata? visa prestar esclarecimentos à população e aos trabalhadores e ex-trabalhadores sobre efeitos e impactos do uso e da exposição ao amianto na saúde humana e no meio ambiente, bem como sobre direitos à saúde, proteção do meio ambiente e acesso a condições de trabalho saudáveis e seguras. Outra proposta do trabalho é contribuir para a proposição e desenvolvimento de políticas públicas de desenvolvimento econômico e social justas e com proteção ambiental.
A situação brasileira na luta pela substituição do amianto e a mobilização internacional pelo banimento do produto ? designação comercial de fibras minerais de silicatos hidratados de magnésio, ferro, cálcio e sódio, que podem provocar graves doenças pulmonares e levar a óbito ? serão tema de destaque durante o 3º Seminário sobre Amianto na Bahia, que acontece hoje e amanhã, das 8h30 às 17h, no Ministério Público da Bahia. A iniciativa é da Secretaria da Saúde do Estrado, através do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador (Cesat), em parceria com Ministério da Saúde/Renast (Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador), Ministério Público, Universidade Estadual de Feira de Santana e departamento de Medicina Preventiva e Social da Ufba.
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DOENÇAS
A MÉDICA do trabalho Letícia Nobre, diretora do Cesat, explica que a exposição ao amianto ocorre principalmente pela inalação das fibras em suspensão (manipulação de matéria-prima, corte e perfuração de produtos acabados). Também são identificadas exposições relacionadas ao uso indireto, inadvertido, em atividades de trabalho informal e autônomo, e mesmo em uso familiar, com casos identificados de asbestose (doença pulmonar) e mesotelioma (câncer de pleura), em São Paulo, relacionados ao amianto em esposas de operadores da indústria de fribro-cimento, que se expuseram ao lavar as fardas dos maridos. O câncer do pulmão é outra doença causada pela exposição ao amianto. Todas essas patologias são irreversíveis e podem evoluir mesmo após a retirada da exposição, além de terem um longo período de latência, isto é, podem levar até 50 anos para se manifestar, atingindo os trabalhadores no período em que já estão fora do mercado de trabalho.
Correio da Bahia