Começam apostas no fim da onda de alta do minério no 4ºtri
28/04/10
As altas dos preços do minério de ferro no mercado à vista (spot) poderão ser interrompidas no terceiro trimestre, na avaliação do mercado, o que, se confirmado, resultará em estabilidade ou até mesmo queda dos preços nos contratos a serem fechados para o quarto trimestre.
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Durante o segundo trimestre, os preços da matéria-prima no mercado à vista chinês seguem em alta, o que deve significar nova elevação nos valores contratuais para o terceiro trimestre, segundo analistas.
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Recentemente, a Vale concluiu a negociação com todos seus clientes dos preços do minério fechados para os contratos que vão vigorar no segundo trimestre. ?Ainda é cedo para falar, mas os preços devem, pelo menos, parar de subir?, diz o analista do banco Sicredi, Carlos Kochenborger. O minério subirá entre 10% e 15% nos contratos para o terceiro trimestre e terá ?alguma queda? nos valores fechados para o quarto trimestre, segundo o analista. Isso porque o cenário apertado de oferta em relação à demanda já está em parte refletido nos preços e ?com dois trimestres de funcionamento do novo modelo, o mercado começará a assimilar novas regras, com menos espaço para a especulação?, conforme Kochenborger. Apesar da queda estimada para o quarto trimestre, os patamares de preços devem permanecer altos ?por um bom tempo?, de acordo com o analista.
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?Não há grandes novas capacidades entrando em operação nos próximos dois ou três anos.? Na China, está havendo antecipação de compras de minério, conforme um analista que pediu para que seu nome não fosse divulgado, o que resultará em enfraquecimento das encomendas no segundo semestre. As medidas do governo chinês para desacelerar o crescimento do país vão contribuir para a redução dos valores fechados em contratos para o quarto trimestre de 2010 e para o primeiro trimestre de 2011, de acordo com o analista. Para o terceiro trimestre, ele ainda espera reajuste positivo. Há ainda o aumento potencial na produção chinesa da matéria-prima. Diante desse fator, o banco Goldman Sachs estima que haverá quedas nos preços do mercado à vista de minério a partir do terceiro trimestre, o que vai resultar em redução dos preços fechados para o quarto trimestre. A estabilidade nos preços é a aposta da Link Investimentos. ?Não vejo espaço para novas altas, diante de preços num patamar já puxado?, diz o analista Leonardo Alves da corretora Link. Na expectativa da Link, no fechamento de 2011, os preços do minério ficarão abaixo dos que serão registrados no final de 2010. Esse movimento de baixa, no entanto, não será sentido no terceiro trimestre, quando na avaliação das duas instituições o preço ainda vai subir. O Goldman estima a alta em 11%. O Barclays Capital considera improvável uma queda mais forte nos preços spot agora, que resultaria em redução nos contratos trimestrais durante o segundo semestre.
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Ao mesmo tempo não acredita que os preços da commodity atingirão seu pico no segundo trimestre, devido à expectativa de mercado criticamente apertado durante os próximos dois ou três anos. Por isso, aposta na estabilidade de preços para o quarto trimestre. A máxima de US$ 200 por tonelada atingida no mercado à vista em meados de 2008, na opinião do Barclays, não deve ser alcançar nos próximos trimestres. Avaliação que não é compartilhada pelo analista da Modal Asset, Eduardo Roche. ?Mas se isso acontecer, não há tendência de que esse patamar seja sustentado para o restante do ano?, diz Roche. Considerando que a Vale está cobrando cerca de US$ 110 por tonelada de minério de seus clientes, ainda existe lacuna expressiva em relação aos US$ 189,5 por tonelada da matéria-prima, conforme a cotação da última sexta-feira. ?O prêmio do spot está muito elevado?, afirma. Além disso, quedas no mercado à vista não significam necessariamente reajustes negativos nos contratos, de acordo com Roche. É que o novo modelo de preços adotado pela Vale prevê que, se a média dos preços do minério no mercado à vista variar menos de 5% para cima ou para baixo, o valor fechado para o trimestre seguinte ficará constante. Embora com menor volatilidade, ainda há no mercado quem aposte no cenário de aumento de preços também para os contratos que serão fechados para o quarto trimestre. ?O minério continuará em patamares de preços elevados este ano, mas a expectativa é de mais estabilidade, com menos variações, após a alta do momento?, afirma o analista do BB Investimentos Antonio Emilio Bittencourt Ruiz, que espera novos reajustes positivos para o minério até 2011. O aumento de capacidade global do minério e a dúvidas sobre a continuidade da demanda pela matéria-prima resultarão em quedas em 2012, segundo Ruiz. As fortes chuvas que atingem a Índia em decorrência da estação das monções, de meados de maio a meados de setembro, que podem ter impacto nas exportações da matéria-prima pelo país, são um dos motivos que levam o Credit Suisse a esperar alta dos preços do minério até o fim do ano, conforme o banco vem divulgando em seus relatórios. Com o objetivo do governo indiano de fomentar a expansão da capacidade doméstica de produção de aço no longo prazo, o país tem potencial para se tornar um importador líquido de minério, conforme o Barclays. Recentemente, a Índia aumentou os impostos sobre exportações de minério e taxas de fretes, o que impactou os preços spot da commodity. O crescimento dos embarques para os consumidores exceto China, que reduz a disponibilidade do minério transoceânico para os chineses, é outro fator que explica a alta estimada pelo Credit para o minério. Para o cenário de aperto, contribui também o fortalecimento da produção chinesa de aço bruto, de acordo com o Barclays, que estima déficit de 30 milhões de toneladas no mercado transoceânico em 2011 e de 39 milhões de toneladas em 2012.
Agência Estado