Com US$15,3 bi em caixa, Vale está preparada p/enfrentar crise
26/11/08
O diretor financeiro da Vale, Fábio Barbosa, afirmou que a empresa trabalha com um cenário em que os países em desenvolvimento devem apresentar uma expansão de 5 pontos porcentuais acima das economias maduras em 2009, que devem registrar recessão em função da crise financeira global. Segundo ele, a companhia está preparada para enfrentar os desafios que o “credit crunch” impõe ao mundo, que deve sofrer uma desaceleração expressiva no curto prazo, mas deverá se recuperar no longo prazo.”A Vale está muito preparada para enfrentar esse cenário desafiador, pois possui ativos de classe mundial e sua curva de custos é baixa”, disse. Barbosa destacou que a empresa está capitalizada para suprir eventuais necessidades de ir ao mercado de capitais para ter acesso a recursos, pois dispõe em caixa US$ 15,3 bilhões, propiciada em parte por uma operação de aumento de capital realizada em junho. Além disso, a empresa conta com outras linhas de crédito suplementares, incluindo US$ 1,9 bilhão que, segundo ele, seria uma espécie de cheque especial da companhia junto a instituições financeiras, e outros US$ 10 bilhões para longo prazo, junto a bancos de expressão internacional, entre eles o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Em seminário realizado pela Febraban, Barbosa afirmou que não fez prognósticos sobre as perspectivas do setor de mineração. Ele teceu alguns comentários sobre a China, um dos maiores mercados da companhia, e frisou que o país vinha registrando uma velocidade de expansão de 12% ao ano, mas agora esse patamar está um pouco mais baixo, ao redor de 8% a 9% ao ano. Segundo ele, a China passa por um processo de desaquecimento, porque, entre outros fatores, “houve um erro de calibragem na desaceleração pretendida pelas autoridades chinesas quando implementaram medidas de contenção de crédito em 2007”.
Ele enfatizou que nesses últimos dois anos a China registrou vários fenômenos que contribuíram para diminuir a velocidade do PIB além do que era esperado pelo governo de Pequim, tais como nevascas muito fortes que atrapalharam os serviços de logística do país, o terremoto de Sichuan, a diminuição do ritmo de crescimento do Ocidente – o que afetou suas exportações -, e a realização das Olimpíadas neste ano. Contudo, Barbosa avaliou que apesar da crise internacional, o mundo e a China vão continuar no longo prazo numa rota natural de expansão. “Não acabou o processo de urbanização da China, que pode envolver 300 milhões de pessoas nos próximos anos. A mineração é um negócio que acompanha o crescimento do mundo, que deve voltar a ocorrer no longo prazo”, citou.
O executivo destacou que o país asiático conta com uma posição financeira positiva, pois desfruta de superávit de conta corrente, possui um volume de reservas internacionais próximo a US$ 2 trilhões e anunciou recentemente um pacote fiscal de estímulo à economia próximo a 20% do PIB. Barbosa não fez nenhuma previsão sobre a tendência das cotações das commodities para os próximos trimestres. “Não acredito que os preços das commodities voltarão a patamares (mais baixos) anteriores aos registrados em 2001 e 2002. Mas, no entanto, não devemos observar os valores exibidos no primeiro semestre deste ano”. O diretor da Vale ressaltou que a empresa mantém seu plano de investimentos em 2009, que envolve um montante total de US$ 14,2 bilhões. “Continuamos a desenvolver nossos projetos em escala global como os que realizamos no Brasil e em outros países, como o Peru e Chile. O mundo vai desacelerar, mas não vai parar”, avaliou.
Agência Estado / Brasil Infomine