Com giro fraco e queda em siderúrgicas, Bolsa fecha em baixa de 3,29%
12/08/08
da Folha Online
As fortes perdas registradas no setor de commodities contribuíram para que a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) despencasse na jornada desta segunda-feira para o seu menor nível desde 23 de janeiro deste ano.
O Ibovespa, termômetro dos negócios da Bolsa paulista, desvalorizou 3,29%, para os 54.720 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,89 bilhões.
Embora as ações ligadas às commodities metálicas tenham puxado as quedas de hoje, a derrocada foi extensiva ao setor de telecomunicações, financeiro e setor elétrico, outros ramos com forte influência na Bovespa.
A ação preferencial da Vale do Rio Doce caiu 4%, enquanto o papel da Gerdau cedeu 5,05% e da Usiminas, 4,06%. No setor bancário, a ação preferencial do Bradesco retraiu 5,64%. No grupo das teles, a ação da Oi (ex-Telemar) sofreu perda de 2%, e entre as elétricas, a ação ordinária da Light despencou 7,98%.
“O problema é que não tem dinheiro no mercado. Até o os 60.000 pontos, o capital estrangeiro vendeu tudo e saiu da Bolsa. E sem esse dinheiro, é difícil subir de novo”, comenta Celso Sadao Yoshida, analista da corretora Solidez.
Yoshida não vê, por enquanto, boas perspectivas para a Bolsa brasileira. Depois que a Bolsa caiu abaixo dos 56.000 pontos, o mercado pode cair até o nível dos 52.700 pontos. “Para esse dinheiro [o capital estrangeiro] voltar, a Bolsa vai ter que cair muito até voltar a ficar mais interessante”, acrescenta.
“A perspectiva de uma falta de demanda pelas commodities assusta [o mercado] e ninguém quer comprar. Quando os estrangeiros vendem, não aparece gente para comprar mais e segurar a Bolsa. O que nós estamos dizendo aos clientes é que acabou a euforia de cinco anos atrás, quando qualquer ação subia. Ainda existem algumas boas oportunidades, mas tem que ser mais seletivo”, afirma Rodrigo Silveira, gerente de operações da corretora e.um, a `extensão eletrônica` da corretora Umuarama.
O dólar comercial foi cotado a R$ 1,616 na venda, com avanço de 0,43%. A taxa de risco-país marca 224 pontos, em declínio de 3,03%.
Na Europa, as principais Bolsas de Valores concluíram os negócios com ganhos: em Londres, o índice FTSE ascendeu 0,95% no fechamento; e em Frankfurt, onde o Dax avançou 0,59%. Em Nova York, o influente Dow Jones teve alta de 0,41%.
Entre as principais notícias do dia, o boletim Focus, preparado pelo Banco Central, mostrou que a maioria dos analistas reviu para baixo, pela segunda semana, as projeções para a inflação. A expectativa para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) neste ano, índice que serve como meta de inflação, caiu de 6,54% para 6,45%, de volta para o centro da meta deste ano (4,5%).
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou que o nível de emprego no setor industrial apresentou um crescimento de 0,5% em junho, ante um declínio de 0,4% em maio.
E na China, grande consumidora de commodities, o índice de preços no atacado registrou alta de 10% em julho, após uma alta de 8,8% em junho, informou hoje o NBS (Escritório Nacional de Estatísticas, na sigla em inglês). Foi a maior alta desde 1996, segundo o governo.
Folha Online