Coluna Brasil S/A
20/02/08
Reajuste de 65% do minério de ferro indica que motor da economia global vai seguir girando forteA dimensão que importa do reajuste de 65% do preço do minério de ferro fechado pela Vale com siderúrgicas do Japão e da Coréia do Sul é a mensagem que ela traz embutida: o motor da economia global deverá continuar girando forte, ainda que a uma rotação menor que a dos últimos anos. Os embarques pela mina de Carajás, onde o teor do minério é de qualidade superior, terão um aumento maior, 71%. As primeiras estimativas indicam que as exportações da Vale devem aumentar cerca de US$ 10 bilhões em relação ao exportado em 2007 ? se não suficiente para devolver ao patamar de US$ 40 bilhões o superávit da balança comercial, que vem murchando pelo aumento das importações, é uma receita extra capaz de questionar os cenários depressivos. Falou-se até em superávit de US$ 20 bilhões este ano. Como as commodities em geral indicam que vão continuar demandadas em grande estilo ? tanto os minérios como os produtos agrícolas ?, sem arrefecimento pelos principais importadores do Brasil na Ásia e na Europa, três questões saltam à vista. Primeira: mais uma vez o viés negativista dos analistas, e não só os brasileiros, por pouco não derruba as expectativas positivas ao colocar o país como condenado a expiar a crise bancária dos EUA. Segunda: as análises têm muito menos fundamento do que sugerem os laudos de suposta sapiência econômica despejados na praça. Poucos observadores ? como as consultorias Tendências e LCA, que há meses vinham na contramão da tese da recessão das matérias-primas, e o departamento econômico do BNDES ?, não embarcaram nessa onda. Terceira: é possível que a economia americana, em vez da terrível recessão profetizada por analistas financeiros, entre num ciclo de desaceleração forte, mas sem rupturas nem duradouro. Não se exclui a hipótese de uma variante da tese do descolamento das economias emergentes em relação aos EUA, como se diz, vir lhe fazer dupla: a da economia real americana em relação ao circuito financeiro.
Correio Braziliense