Cobre dispara e atrai investimentos bilionários
17/10/07
SÃO PAULO – O cobre, produto em que o Brasil sempre ocupou posição secundária, ganha cada vez mais destaque na pauta de produção mineral do País. No plano de investimentos da Companhia Vale do Rio Doce anunciado ontem (leia detalhes abaixo, nesta página), o cobre terá o maior aumento de produção de metais de 2008 a 2012, com elevação prevista de 15,3% em cinco anos, para 592 mil toneladas. A Vale é responsável por cerca de 75% da produção brasileira de cobre, que saltou do 25º lugar no ranking mundial em 2001 para o 16º em 2006, e deve continuar a crescer, na previsão dos analistas. Com esse salto, o Brasil, que tinha déficit de 500 mil toneladas (t) de cobre em 2001, passará a ser auto-suficiente em 2010, prevê Paulo Camilo Penna, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). “As perspectivas otimistas são resultado do início das operações da mina de Salobo, da Vale do Rio Doce, situada no Município de Canaã dos Carajás”, diz Paulo Camillo. Salobo está entre as prioridades anunciadas ontem pela Vale, que vai investir US$ 387 milhões no local em 2008 e prevê a conclusão do projeto no segundo trimestre de 2010. Além disso, a Vale planeja desenvolver projeto no Chile, país líder na produção mundial de cobre, com 35% do total. A unidade deve produzir 18 mil t por ano.
Salto de 200% Com planos como esse, o Brasil conseguiu saltar de 32 mil toneladas de cobre produzidas em 2001 para 148 mil em 2006, uma elevação superior a 200% no período. Foi um aumento e tanto para um produto que durante muitos anos era explorado apenas pela Mineração Caraíba, na Bahia, que atualmente tem 24% do mercado. O salto foi conseqüência principalmente do aumento da demanda da China, que puxou para cima as cotações do cobre. A importação chinesa cresceu 52% no primeiro semestre, totalizando 1,5 milhão de toneladas. Pela previsão do Citigroup, maior banco do mundo, esse ciclo de alta do produto vai se manter, com cotação em alta também em 2008 e em 2009. As cotações devem superar o recorde de US$ 8.800 por tonelada, na estimativa do Standard Bank Group, da África do Sul, país importante na produção mineral global. “De todos os minérios que acompanhamos, o cobre é um dos mais fortes”, garante relatório do banco sul-africano. O aumento engorda os lucros de empresas como a BHP Billiton, a maior do mundo no setor, e preocupa os compradores de cobre, como a francesa Nexans, líder mundial na fabricação de fios e cabos feitos com o produto. A companhia, que também é a maior compradora de cobre do mundo, segundo a Bloomberg, teve de fazer empréstimos para financiar o aumento de custos causado pela cotação em alta. Aquecimento da construção No mercado interno, o produto é consumido principalmente pela indústria metalúrgica, com destaque para a construção civil e fios e cabos – setores que estão trabalhando a plena capacidade, com crescente demanda. Com esse quadro, o consumo aparente de cobre no País em 2010 é de 743,6 mil toneladas, de acordo com previsão do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM). Esse consumo foi de 196,7 mil t em 1992, o que indica a necessidade de fornecimento adicional de 546,9 mil t para atender ao aumento esperado de demanda. Para atender esse crescente mercado, outras empresas, além da Vale, têm projetos para o cobre. A canadense Yamana Gold, por exemplo, pretende produzir no Brasil 60 mil toneladas com o início das operações da mina Chapada, ainda este ano ou no início de 2008. E a Caraíba Metais planeja investimentos de US$ 150 milhões para elevar a produção de cobre primário. O produto também atrai investimentos porque sua exploração também gera ouro. A previsão da Vale do Rio Doce é que em Salobo, em Carajás (Pará), além do cobre, se obtenha como subproduto 130 mil onças anuais de ouro (uma onça equivale a 28,34 gramas). As previsões são de aumento da produção global de cobre. O Grupo Internacional de Estudos do Cobre (sigla ICSG em inglês) previu este mês que a produção mundial de cobre tirado de minas vai crescer 5,1%, para 15,79 milhões de toneladas, ou 770 mil t a mais do que em 2006. A estimativa para 2008 é de produção global de 17 milhões de toneladas, com elevação de 7,6%. Com base em seus estudos, o grupo prevê um pequeno superávit na produção mundial de 110 mil toneladas (0,6% do total) este ano e de 250 mil t em 2008. O uso de cobre no mundo deve crescer 3,8% no ano que vem.
DCI