CBMM prepara entrada no comércio de terras-raras
31/10/16
A Companhia Brasileira de Mineração e Metalurgia (CBMM) está se preparando para ingressar no mercado de terras-raras, dominado hoje pela produção chinesa. A empresa adequou uma das plantas que tinha para a produção de nióbio, seu produto principal, e realizou teste de produção.O superintendente de Produção da empresa, Clóvis Sousa, afirmou que a dificuldade para entrar no mercado de terras-raras é o preço cobrado pela China. ?É bem difícil entrar neste mercado. Não conhecemos a estrutura de custos deles?, declarou. A planta da companhia tem capacidade inicial para mil toneladas anuais com possibilidade de expansão para 3 mil toneladas.De acordo com ele, o preço de elementos de terras-raras subiu rapidamente no início dessa década, como consequência da contração da oferta chinesa. Ele ressalta que os países consumidores foram duplamente surpreendidos pela dependência no fornecimento e pela disparada da cotação. Com preço alto, chegaram a surgir, na época, novos projetos de produção, que acabaram não seguindo adiante, tendo em vista que o preço se estabilizou em patamar baixo de novo.
A longo prazo, a expectativa é de expansão do setor no mundo. ?O mercado global de terras-raras, elementos químicos metálicos utilizados pela indústria de alta tecnologia, deve praticamente dobrar sua produção até 2020?, diz o estudo sobre terras-raras feito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES) e concluído em 2012.
A CBMM decidiu manter o projeto de terras-raras porque a fabricação, quando as condições forem favoráveis, será feita a partir do rejeito remanescente da produção de nióbio. A ideia foi manter o desenvolvimento da tecnologia e os ajustes na planta existente não demandaram alto investimento. ?Ele se tornou um projeto estratégico para garantir o desenvolvimento da tecnologia?, afirmou Sousa, durante a 24ª edição do World Mining Congress (WMC), que aconteceu neste mês no Rio de Janeiro.
As terras-raras são um grupo de 17 elementos químicos que aparecem, no geral, de forma agregada a minérios, com diferentes aplicações. São usadas para superimãs, telas de tablets, celulares, computadores e painéis solares, por exemplo Segundo Sousa, os elementos ?da moda? agora são o neodímio e praseodímio, usados na composição de usinas eólicas e baterias de carros híbridos, por exemplo.
Com cerca de 2 mil empregados, a CBMM envia acima de 90% da produção de ligas de nióbio ao mercado internacional. O produto é usado na produção do aço. A empresa desenvolve plano de investimento da ordem de R$ 1 bilhão até 2018.
A CBMM tem 15% do capital nas mãos de um consórcio que reúne empresas coreanas e japonesas, e outros 15% são de um consórcio de empresas chinesas. As empresas asiáticas são ligadas ao setor siderúrgico e a entrada no capital da empresa brasileira foi vista como forma de assegurar suprimento para a cadeia de produção do aço. Controlada pela família Moreira Sales, a CBMM tem sede em Araxá (MG), subsidiária de tecnologia na Suíça e três operações comerciais na Europa, Ásia e América do Norte.
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