CBA investe em novas áreas de mineração
23/01/07
Empresa do grupo Votorantim aplicará R$ 93 milhões este ano para produzir mais bauxita. O aumento na demanda mundial por alumínio, que tem crescido entre 4% e 5% anualmente, e a previsão de manutenção deste patamar para os próximos anos fizeram a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), do Grupo Votorantim, intensificar investimentos em mineração de bauxita nos últimos cinco anos, totalizando R$ 365 milhões até 2006. Para 2007, mais R$ 93 milhões devem ser aplicados na área, em pesquisas de novas jazidas e início de operação de uma nova mina, informou a este jornal o diretor de mineração da CBA, Carlos Augusto Parisi.
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Atualmente, a companhia produz cerca de 2,6 milhões de toneladas de bauxita, nas minas de Poços de Caldas e Itamarati de Minas, ambas no estado de Minas Gerais. As duas minas já estão no limite máximo de capacidade, para atender as recentes expansões realizadas em sua fábrica em Alumínio (SP), que fizeram a companhia ampliar a capacidade de produção da unidade de 340 mil toneladas/ano para 400 mil toneladas, em agosto de 2005. A partir de fevereiro, com o início de operação de uma nova linha, a capacidade de produção da CBA atingirá 475 mil toneladas, tornando-se a maior das Américas.
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Para atender a necessidade de insumo extra, a companhia inicia, no segundo semestre deste ano, a exploração de mais uma mina, em Miraí, zona da Mata mineira. No total, serão investidos na mina R$ 150 milhões, dos quais R$ 80 milhões estão sendo aplicados neste ano, principalmente em equipamentos como britador e lavador. A mina poderá ter até quatro módulos com capacidade para produzir 1 milhão de toneladas de bauxita por ano cada um. Inicialmente será instalado apenas um primeiro módulo e a implantação dos demais estará condicionada à decisão de expansão da fábrica de alumínio.
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No total, a produção de bauxita da CBA poderia atingir, somente nesta primeira fase, 3,6 milhões de toneladas. No entanto, segundo Parisi, a idéia é reduzir um pouco a produção das minas de Itamarati de Minas e Poços de Caldas, que em 2006 produziram respectivamente 1,5 milhão e 1,1 milhão de toneladas de bauxita. “Essas minas são estrategicamente importantes para nós porque são mais próximas da nossa fábrica”, explicou o executivo, esclarecendo que os volumes atuais são muito altos.
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Segundo Parisi, a produção total de bauxita deve ficar no patamar dos 2,9 milhões de toneladas anuais, reduzindo a produção das minas a 1,1 milhão em Itamarati e 700 milhões em Poços de Calda, de modo a garantir que a vida útil das minas se mantenha nos cerca de 20 anos, no caso de Poços de Caldas, e 50 anos no caso de Itamarati.
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As minas são localizadas a cerca de 291 quilômetros (Poços de Caldas) e 880 quilômetros de distância da fábrica. A produção de Miraí deverá percorrer um percurso quase 900 quilômetros para chegar à fábrica. Outra jazida que a companhia pretende explorar é a de Barro Alto, em Goiás, localizada a cerca de 1264 quilômetros de distância de Alumínio (SP).
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No caso de Barro Alto, a CBA investirá R$ 20 milhões para iniciar a operação da mina, que terá capacidade para produzir 900 mil toneladas anuais de bauxita a partir de 2008. “Temos pressa porque essa bauxita é muito boa, superior à das demais minas”, disse.
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De acordo com ele, a bauxita de Barro Alto tem maior teor de alumina e menor de sílica reativa. Enquanto são necessárias 3,2 milhões de toneladas de bauxita de Poços de Caldas para produzir uma tonelada de óxido de alumina, no caso da bauxita de Barro Alto, a relação é de 2,2 milhões de toneladas para uma.
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Custo menor
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O início da operação desta mina permitirá à CBA fazer um blend de minério que exige a utilização de menores volumes de soda cáustica, utilizada para eliminar a sílica existente no minério. Como o preço da soda tem oscilado, tendo atingido US$ 350 a tonelada no ano passado, a utilização deste novo blend pode permitir a redução de custo de produção da companhia.
;No entanto, Parisi ressaltou que a maior preocupação atual da companhia é com o preço da energia elétrica, que responde por cerca de um terço do custo de produção do alumínio.
Hoje a produção mundial de alumínio tem crescido prioritariamente em países onde o custo com energia é mais baixo, como na Noruega, Finlândia e Canadá, que aproveitam a energia proveniente das águas descongeladas das geleiras, na África do Sul e Austrália, que aproveitam suas grandes reservas de carvão, e nos países do Oriente Médio, onde há as maiores reservas de petróleo e gás natural.
O predomínio de hidroeletricidade sempre permitiu que o Brasil também fosse bastante competitivo no cenário mundial, mas a dificuldade de realização de novas obras, devido à morosidade na obtenção das licenças ambientais, tem feito a participação da geração hidrelétrica na matriz energética nacional cair em detrimento da energia térmica, mais cara. A própria CBA tenta há 10 anos construir a usina de Tijuco Alto, no Rio Ribeira, divisa entre São Paulo e Paraná. No entanto, a dificuldade em obter a licença ambiental fez o projeto jamais sair do papel, dificultando a estratégia da companhia de manter no patamar de 60% a geração própria.
Um novo projeto a ser desenvolvido pela CBA é na reserva de Paragominas, no Pará. De acordo com a companhia, trata-se da maior reserva de bauxita da CBA, mas também a de localização mais distante da fábrica. Por isso, a estratégia da companhia é destinar este minério a uma fábrica de óxido que deve ser construída em Barcarena, nas proximidades de Belém. A bauxita seria transportada por mineroduto até o litoral do Pará, onde seria industrializado e posteiormente destinado à exportação.
No total, a CBA possui 29 áreas minerais na região, totalizando 300 mil hectares de terra, em concessões adquiridas pela companhia na década de 70, perdidas após a Constituição de 1988 e recuperadas judicialmente em 2005, com a condição de explorá-las. Por hora, a CBA está em fase de pesquisas, que atualmente estão sendo realizadas em cinco destas áreas. Este ano essas pesquisas deverão consumir R$ 7 milhões.
Estudos preliminares realizados na década de 70, indicavam a existência de até 2 bilhões de toneladas, em toda a região de Paragominas, onde a mineradora Companhia Vale do Rio Doce também tem áreas minerais a serem exploradas. Parisi afirmou que as pesquisas devem ser concluídas em 2008. Até 2011 a CBA poderia iniciar a operação comercial da mina.
(Gazeta Mercantil/Caderno C – Pág. 5)(Luciana Collet)
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