Candiota reduz impacto ambiental do carvão
29/06/07
Porto Alegre, 29 de Junho de 2007 – O controle da emissão de poluentes atmosféricos decorrentes da queima do carvão pela Fase C da Usina de Candiota vai consumir cerca de US$ 80 milhões, quase um quinto do investimento total previsto para a construção da termelétrica, no extremo sul gaúcho. E todas as inovações tecnológicas para a redução do impacto ambiental que serão empregadas na nova usina também serão utilizadas também nas fases A e B. O projeto de 350 MW, tocado pela estatal Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE), deve começar a operar em janeiro de 2010.
No caso das térmicas movidas a carvão, o principal temor está na emissão de dióxido de enxofre (SO2), um dos causadores da chuva ácida. `Teremos um sistema de dessulfurização que terá uma eficiência acima de 90%. No futuro, em 2010, as emissões de todo o complexo (fases A, B e C) serão pelo menos 50% menores que as atuais. E 50% ainda é um cálculo conservador. Acredito que vai ficar bem abaixo`, diz o coordenador de Gestão Ambiental e Segurança da CGTEE, Francisco Porto, lembrando que no segundo semestre será feita a licitação para instalar sistemas de dessulfurização mais modernos nas fases A (126 MW) e B (320 MW), construídas respectivamente no início das décadas de 70 e 80. `Nessa época a questão ambiental ainda não tinha tanta força e nem a legislação brasileira era tão exigente`, lembra Porto, justificando a desconfiança que cerca o carvão como opção na matriz energética brasileira. Mesmo assim nunca houve registro de indício de chuva ácida na região, ao contrário do que ocorreu no hemisfério Norte.
Mas a batalha para a redução dos níveis de enxofre começará antes de o carvão chegar à usina. A Companhia Riograndense de Mineração (CRM), responsável pela extração do mineral que abastece Candiota, vai construir uma planta de beneficiamento que diminuirá de 30% a 40% o teor de enxofre do carvão a ser entregue para as três fases.
No caso das cinzas, a eficiência na redução das emissões será de até 99,7%, graças a filtros eletrostáticos. O problema do óxido de nitrogênio, também causador de chuva ácida mas questão menor em função do baixo nível de nitrogênio no carvão gaúcho, será combatido por queimadores de última geração que também serão instalados nas outras fases. `Mas as nossas emissões já são muito baixas. Hoje já se atende o exigido para a Fase C`, assegura.
Segundo Porto, em aberto está apenas a questão do , causador do efeito estufa. `Hoje ainda não existe uma solução para o e nem será uma solução única`, diz ele, acrescentando que uma das saídas pode ser a utilização de microalgas para a biofixação do , um trabalho de pesquisa conduzido pela Fundação Universidade Federal de Rio Grande (FURG) apoiado pela CGTEE. `Não só vamos atender todas as exigências do licenciamento ambiental como vamos superá-las com grande folga`, afirma.
O Rio Grande do Sul tem outros três projetos de térmicas a carvão, mas apenas a Fase C de Candiota deslanchou. A usina da CTSul, em Cachoeira do Sul, projetada para 650 MW ao custo de US$ 760 milhões, ainda depende da venda da energia em leilão. Jacuí 1, em Charqueadas, pode trocar de controle. O projeto já teve a sua energia comercializada, mas enfrenta problemas com o licenciamento ambiental e dificilmente entregará energia no prazo previsto, janeiro de 2009. A usina, para 350 MW, está orçada em cerca de US$ 200 milhões. Já Seival (500 MW e US$ 830 milhões), da mineradora Copelmi, enfrenta problemas de viabilidade econômica para a construção em Candiota. Existe ainda a possibilidade de uma quinta térmica, também em Candiota, só que para abastecer o Uruguai. O projeto é disputado por CGTEE e Tractebel e não dependeria de leilão. Estima-se que as reservas de carvão no Brasil cheguem a 32 bilhões de toneladas, sendo 89% do total no Rio Grande do Sul. (Gazeta Mercantil/Relatório – Pág. 7)(Caio Cigana)
Gazeta Mercantil