Camargo Corrêa vende negócio de silício
01/02/07
Ivo Ribeiro01/02/2007
;O grupo Camargo Corrêa fechou ontem, no fim do dia, a venda da sua controlada Camargo Corrêa Metais (CCM), fabricante de silício metálico, para a americana Globe Specialty Metals Inc., grande player mundial. O valor da operação foi da ordem de R$ 85 milhões. “Esse ativo estava fora do foco estratégico do grupo”, afirmou Vitor Hallack, presidente do conselho de administração da Camargo Corrêa S.A., ao Valor.
Segundo o executivo, que assumiu comando do grupo em setembro, o desenvestimento faz parte da estratégia de ajuste do portfólio de negócios da Camargo Corrêa. O grupo atua em vários setores, como engenharia e construção, bens de consumo (calçado e têxtil) e cimento e tem participações importantes em companhias como Usiminas (siderurgia), CPFL (energia), Itáusa e CCR (concessões rodoviárias). No ano passado, alcançou receita bruta de R$ 9,5 bilhões.
A CCM, que terá seu nome mudado para Globe Metais S.A., opera fábrica em Breu Branco (PA), próximo da hidrelétrica de Tucuruí, e está apta a produzir 44 mil toneladas de silício metálico. A empresa dispõe de quatro fornos, que são supridos por carvão vegetal de duas florestas próprias – 45 mil hectares – de eucaliptos e de plantios de terceiros (30%) no entorno. A totalidade da madeira conta com certificação ambiental. Constituída em 1983, a fábrica entrou em operação em 1988.
O silício metálico tem aplicações em diversos setores industriais – automotivo, de alumínio, químico, siderúrgico, ferro fundido, concreto, baterias solares e até em chips para computadores.
No ano passado, a CCM produziu 42 mil toneladas, o correspondente a 20% do total do Brasil. Desse volume, 90% foram destinados ao mercado europeu. A receita foi de R$ 150 milhões. A empresa está voltando ao mercado americano, onde ficou fora por dez anos devido à ação anti-dumping contra o silício brasileiro.
A Globe Metals, sediada em Nova York, tem ações negociadas na Bolsa de Londres e opera fábricas de silício metálico e suas ligas espalhadas em vários locais dos Estados Unidos, nos estados de Ohio, West Virgínia, Alabama e Nova York. Tem ainda uma unidade em Mendonza, na Argentina.
Hallack afirmou que a Camargo Corrêa, que tem 36 mil funcionários, manterá firme sua estratégia de focar nos negócios em que a participação do grupo pode agregar valor no longo prazo. Por isso, referindo-se à CMM, disse que, pela sua escala de produção, não seria um ativo que a companhia teria papel consolidador no mundo.
A CCM tornou-se minúscula dentro do grupo, cada vez mais fortalecido nas áreas de calçado e têxtil, cimento (duplicado com a argentina Loma Negra), engenharia e construção e as participações importantes em energia, aço e financeira-industrial (Itaúsa).
Ontem, o grupo consolidou sua entrada na área de incorporação imobiliária ao lançar na Bovespa, no Novo Mercado, a CCDI. A controlada surge avaliada em R$ 1,7 bilhão. Com a venda de 30%, o grupo captou R$ 521 milhões. “É a primeira empresa com o selo Camargo Corrêa de capital aberto”, disse Hallack. As demais (num total de oito) são participações – Alpargatas, Santista, Távex (Espanha), CCR, Usiminas, CPFL, Itaúsa e Alcoa Inc.
Segundo ele, o mercado de capitais tem importância grande para o grupo, fechado e familiar, que tem acumulado a experiência de atuar no modelo compartilhado em todas essas empresas. “É um grande parceiro da Camargo.”
Valor Econômico