Brasil será sede de divisão da Norsk Hydro
06/05/10
A Norsk Hydro, que comprou o controle dos negócios da Vale do setor de alumínio e suas matérias-primas, vai instalar no Rio a sede da sua área de negócios global de bauxita e alumina, disse ontem ao Estado Johnny Undeli, vice-presidente executivo do grupo.
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Undeli chefiará a divisão global de bauxita e alumínio. O executivo afirmou que a Hydro vai manter as ?fundações? da operação brasileira, que inclui a Albrás, fabricante de alumínio em Barcarena, no Pará. Embora o grande interesse da Hydro no negócio seja garantir as matérias-primas – a bauxita e a alumina – para a sua cadeia global de produção, Undeli disse tratar-se de ?uma mudança de controle, mas não de operação?.
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?Quando a Hydro assumir a direção, vamos nos empenhar para levantar a performance futura, junto com a Vale, mas é importante dizer que as fundações, como são hoje, permanecem, e vamos desenvolver a partir daí.? A operação entre a Vale e a Hydro, uma empresa norueguesa cujo principal acionista é o governo do país, foi anunciada no fim de semana.
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O negócio foi fechado por US$ 4,9 bilhões, incluindo a absorção pela Hydro de uma dívida de US$ 700 milhões e a aquisição, pela Vale, de uma participação de 22% no capital da empresa norueguesa, tornando-se a segunda maior acionista depois do governo da Noruega. Além disso, a Vale receberá US$ 1,1 bilhão em dinheiro.
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Com a operação, a Hydro, que tinha participações minoritárias, passa a deter 100% dos ativos da Vale na Albrás, na Alunorte (fabricante de alumina), na Companhia de Alumina do Pará (CAP) e na Bauxite JV, empresa que será criada para reunir a mina de Paragominas e o restante dos negócios de bauxita da Vale no Brasil (na Bauxite JV, restará com a Vale uma participação de 40%, que será vendida à Hydro por US$ 400 milhões até 2015).
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A aquisição do controle dos negócios da Vale no Brasil, a ser concluída até o final do ano, deverá levar a Hydro até uma capacidade anual de 12,2 milhões de toneladas de bauxita e de 6,9 milhões de toneladas de alumina. Mas o potencial de expansão em bauxita e alumínio é ainda maior, para, respectivamente, 17,2 milhões e 14,5 milhões de toneladas.
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Player global. ?A Hydro será reconhecida agora como uma participante global com umacadeia de valor totalmente integrada, o que é muito importante?, explica Undeli. A operação permitirá à empresa norueguesa saltar da nona para a quinta posição entre os maiores produtores de alumina do mundo, saindo de 2,4 milhões de toneladas (números de 2009) para 5,5 milhões, ao integrar os 3,4 milhões da Vale.
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Assim, a Hydro torna-se uma participante importante em toda a cadeia do alumínio, da extração da bauxita até a fabricação de produtos finais como portas, janelas, estruturas de edifícios, etc. No Brasil, a empresa controla a Hydro Alumínio Acro, em Itu (SP), que fabrica tubos de precisão pararefrigeração, sistemas construtivos e soluções de alumínio para a indústria automobilística, além de reciclagem.
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Segundo Undeli, a Acro é líder global em tubos especiais de refrigeração para automóveis. A Hydro teve faturamento global em 2009 equivalente a R$ 22 bilhões, e uma capitalização de mercado no início de março equivalente a R$ 16 bilhões. A empresa tem 19 mil funcionários no mundo, número que será ampliado com a aquisição dos negócios da Vale no setor de alumínio, que trará mais 3,6 mil funcionários.
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No Brasil, a empresa terá cerca de 4 mil empregados, incluindo a Acro. A venda dos negócios de bauxita, alumina e alumínio pela Vale está ligada aos altos custos de energia no Brasil. A fabricação de alumínio é muito intensiva no consumo de energia elétrica.
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A Hydro, por sua vez, tem sua estrutura produtiva espalhada pelo mundo (está iniciando as operações de uma nova planta de alumínio no Catar de 600 mil toneladas/ano), com acesso a custos competitivos de energia. Com a compra das operações da Vale, a empresa norueguesa garantiu o seu acesso às matérias-primas básicas do setor por 100 anos.
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Agência Estado