Brasil perde 11 toneladas de ouro por ano
14/06/10
Toda essa riqueza jaz, escondida, nas 500 mil toneladas de produtos eletrônicos descartados pelos brasileiros
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O Brasil desperdiça, nos lixões e aterros do país, cerca de 11 toneladas de ouro por ano. Além disso, são perdidos mais 17 tipos de metais preciosos. Entre eles, a prata, o cobre e o zinco. Toda essa riqueza jaz, escondida, nas 500 mil toneladas de celulares, computadores e demais produtos eletrônicos descartados pelos brasileiros anualmente. Com tamanha fortuna inutilizada, os garimpos dos tempos modernos têm trocado a perfuração da rocha pelas montanhas de sucatas. Algumas empresas estrangeiras estão usando o lixo verde amarelo para abarrotar os cofres de dinheiro. Em todo o mundo, essa conta do desperdício chega a 1,1 milhão de quilos do metal dourado.
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Em terras brasileiras, a mineradora belga Umicore trabalha com a recuperação de eletrônicos. Todos os anos, ela recebe 250 mil toneladas de 200 matérias-primas diferentes contendo metais preciosos. Apenas em 2009, o faturamento mundial da empresa foi de 6,9 bilhões de euros, o equivalente a R$ 15,4 bilhões. Se esses garimpeiros modernos estão lucrando alto com a nova modalidade de exploração, quem guarda o material também ganha. Milhares de lojas de informática o vendem para os empresários a R$ 3 o quilo. O técnico Antônio Matos não sabia dessa possibilidade de renda até que um representante de uma multinacional o procurou.
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“Antes, eu descartava tudo no lixo comum. Agora, guardo. A cada dois meses, eles passam recolhendo. Em um ano, consigo estocar duas toneladas de peças de computador”, relata Matos. Com a comercialização do que anteriormente era descartado, o técnico em informática aumentou seu faturamento anual em R$ 6 mil. “Não deixo perder mais nenhuma peça. Uma vez, eu até tentei raspar as partes de ouro de algumas placas de computador, mas é muito fininho e não deu certo”, lembra.
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A quantidade de ouro nos equipamentos é pequena e exige tecnologia de ponta para separar os metais preciosos do plástico e das resinas que formam os componentes eletrônicos. Ainda assim, é um negócio vantajoso. Uma tonelada de sucata tem 22,24 gramas de ouro, segundo estudos daUniversidade de Tecnologia de Berlim. Já a maior mina do metal precioso no Brasil, localizada em Paracatu (MG), tem o teor de apenas 0,4 grama por tonelada de minério. Nos aparelhos telefônicos, essa quantidade é muito superior à encontrada no município mineiro: são 150 gramas para cada mil quilos de celulares.
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Japoneses
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Os japoneses são os que mais fazem o reaproveitamento do material. Atualmente, cerca de 50% de todo o ouro do país oriental é reciclado. “É quase um garimpo. A questão é que, além do ouro, você tira cobre e plástico. Ainda tem a resina, que não serve para nada e pode se transformar em um passivo ambiental. Para realizar essa reciclagem, tem de ser uma empresa de grande porte.
O Norte