Brasil acerta plano com a China
09/04/10
O Plano de Ação Conjunta para 2010-2014 que os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hu Jintao vão assinar na próxima semana prevê a diversificação das exportações brasileiras para a China e o aumento dos investimentos do país asiático no Brasil, segundo o embaixador brasileiro em Pequim, Clodoaldo Hugueney.
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Esses objetivos estarão no documento que vai orientar o relacionamento bilateral nos próximos cinco anos, mas não haverá números nem metas específicas. ?O plano cria uma máquina institucional para o acompanhamento da relação, que fará com que as coisas caminhem?, disse o embaixador.
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A excessiva concentração das exportações à China em commodities é uma das principais preocupações das autoridades e dos empresários brasileiros, que temem uma relação ?neocolonial?, na qual o Brasil vende produtos primários e importa manufaturados. No ano passado, 73% dos embarques brasileiros para o país asiático foram compostos de minério de ferro, soja e petróleo.
Na mão contrária, o Brasil comprou da China quase exclusivamente bens industrializados. Os primeiros lugares da lista são ocupados por partes e circuitos integrados para computadores, peças para celulares e máquinas de processamento de dados e circuitos impressos para aparelhos de telefonia.
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Apesar da declaração de intenções, não está claro como a mudança na pauta de exportações será feita, mas ela pode ser estimulada pelo aumento dos investimentos chineses no Brasil – outro ponto que estará no plano. Mais interesse. O ex-secretário do Conselho Empresarial Brasil China e sócio da Strategus Consult, Rodrigo Maciel, encerrou há duas semanas uma viagem de 35 dias à China, na qual visitou 75 empresas.
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Sua avaliação é que o interesse em investir no Brasil aumentou de maneira expressiva. ?O Brasil entrou para a lista de prioridades das empresas chinesas.? Na maior parte da sua viagem à China, Maciel acompanhou representantes da LLX, do empresário Eike Batista, na busca de investidores interessados em se instalar no Porto de Açu, no Rio de Janeiro.
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Segundo ele, duas das empresas já enviaram missões ao Brasil e uma delas, do setor eletrônico, deve assinar em breve memorando de entendimentos com a LLX. Outra tarefa do consultor foi buscar parceiros para a Terrativa, mineradora independente que tem um grande projeto de exploração em Minas Gerais. Essa é uma das áreas que mais interessam aos chineses.
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Maior fabricante mundial de aço, a China consome quantidades crescentes de ferro e depende de importações para suprir a demanda. Nos últimos seis meses, fechou três grandes negócios de setor de mineração no Brasil. Em novembro, a Wuhan Iron and Steel Corporation assinou contrato para compra de 21,22% da mineradora MMX, do empresário Eike Batista.
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Em janeiro, um pool de companhias chinesas pagou US$ 430 milhões pela Sulamerica de Metais, do Grupo Votorantim, na qual investirão US$ 3 bilhões até 2013. Desde o ano passado, as estatais chinesas se tornaram mais agressivas na busca de ativos no exterior, incluindo o Brasil. O negócio mais recente envolvendo empresas brasileiras foi a venda da Itaminas à chinesa ECE por US$ 1,2 bilhão, realizado há menos de um mês.
Agência Estado