BML vai intensificar pesquisa em Caetité
02/03/07
Vera Saavedra Durão02/03/2007
A nova mineradora brasileira de minério de ferro, a Bahia Mineração Ltda., controlada pelo investidor indiano em commodities Pramod Agarwal, escolheu o brasileiro Armando Santos, ex- diretor executivo da área de ferrosos da Companhia Vale do Rio Doce, para comandar seu projeto em Caetité, Sul da Bahia, que estará produzindo 25 milhões de toneladas de minério de ferro a partir de 2010. A prioridade agora é intensificar os trabalhos de pesquisa e desenvolver o projeto.
Neste negócio, serão investidos inicialmente US$ 1,6 bilhão, com apoio de instituições financeiras lideradas pelo banco americano Merrill Lynch, disse Santos. O executivo não entrou em detalhes em relação ao esquema de financiamento do negócio, cujo capital é 100% controlado por Agarwal. No final do ano, o indiano, que até então detinha 70% da empresa, conseguiu comprar os 30% de seu sócio, o geólogo João Carlos de Castro Cavalcanti, que havia adquirido os direitos minerários da província de Caetité em 2005.
Amanhã, será assinado um protocolo de intenções entre a BML e o governo da Bahia, para desenvolver o projeto. A cerimônia contará com a presença do governador Jaques Wagner, do secretário da Indústria, Comércio e Mineração e líder do projeto do lado do governo baiano, Rafael Amoêdo, Pramod Agarwal e Armando Santos.
Santos trabalhou durante 35 anos na Vale do Rio Doce, tendo iniciado sua carreira de engenheiro como estagiário na então estatal, em 1970. Em abril de 2005 ele deixou a companhia, depois de ter exercido por duas vezes o cargo de diretor-executivo da área de ferrosos. Foi Santos quem abriu o escritório da Vale em Tóquio, no Japão. Antes de aceitar o convite de Agarwal, que recebeu indicações de pessoas do mercado de mineração, estava dando consultoria as empresas japonesas Mitsui e JFE.
O presidente da BML adiantou que a empresa está abrindo escritório em Salvador, local escolhido como centro de suas atividades, apesar de ter também manter uma estrutura em São Paulo. ” A prioridade agora, é intensificar os trabalhos de pesquisa e desenvolver o projeto. O mercado vai continuar absorvendo produção por muitos anos e, no caso da BML, a mineração é simples de operar, pois trata-se de minério a céu aberto”, destacou o executivo.
A exploração da mina de Caetité vai compreender inicialmente três estágios: mineração e beneficiamento do minério, construção de um mineroduto de 400 quilômetros e o investimento em um porto. O mineroduto vai transportar o produto concentrado até o porto, cujo local ainda está sendo escolhido. Em princípio, o porto poderá ser localizado ao Norte de Ilhéus.
Segundo o Valor apurou, o mineroduto é a solução possível para o transporte do minério da BML naquela região, onde a única alternativa é a estrada-de-ferro Ferrovia Centro Atlântica (FCA), controlada pela Vale. Neste caso, a BML teria que pedir autorização à sua concorrente para usar o transporte ferroviário.
No futuro, o empreendimento deverá incluir uma pelotizadora, como adiantou Santos. Isto, porque o minério produzido na mina de Caetité é do tipo “pellet-fide”, usado na produção de pelotas de minério. Até agora, não há contratos firmados com siderúrgicas, mas o alvo das exportações da BML será o mercado asiático.
Nos próximos três anos, além da BML, estarão entrando em produção no Brasil mais duas novas mineradoras: a MMX, de Eike Batista, com previsão de colocar 35 milhões de toneladas de minério no mercado em 2010 e a mineradora Casa de Pedra, da CSN, que vai expandir sua produção para 40 milhões de toneladas por ano até 2012.
O Brasil possui 7,2% das reservas mundiais de minério de ferro, colocando o país na quinta colocação mundial, segundo o Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM), órgão ligado ao Ministério de Minas e Energia. Os últimos dados, de 2005, apontam para reversas de 26,4 bilhões de toneladas. Em 2005 a produção mundial de minério de ferro foi de 1,5 milhão de toneladas. O Brasil representou 18,5% do volume total.
Valor Econômico