Bloomberg: Mineradoras buscam minas de lítio
26/10/17
A AVZ Minerals não é a única mineradora que quer aproveitar o alta demanda por baterias recarregáveis. No Reino Unido, uma empresa fundada pelo ex-banqueiro Jeremy Wrathall planeja aproveitar fontes termais na Cornualha. Outras empresas buscam depósitos de lítio em países como Alemanha, Mali e até mesmo no Afeganistão, que planeja licitar concessões de exploração.
“Há uma corrida pelos depósitos, uma demanda que parece muito impressionante. A questão, como sempre, é a oferta”, disse Paul Gait, analista da Sanford C. Bernstein. Segundo ele, com número empresas interessadas em atender a demanda existe o risco de que muitas minas sejam exploradas e muito metal seja fornecido. “Quando a maré recuar, quem não tiver uma boa geologia não estará à altura da situação”, declarou.
O preço do lítio, minério dominado por três grandes produtores, subiu muito à medida que a demanda por baterias de íon-lítio usadas em veículos elétricos e sistemas de armazenamento de eletricidade foi aumentando. A Bloomberg New Energy Finance projeta que veículos elétricos representarão mais da metade das vendas de carros novos no mundo até 2040. Além disso, a incerteza sobre o crescimento da produção global faz com que as fabricantes de carros tentem garantir a oferta do metal para o futuro.
No entanto, mesmo que no começo a produção possa ter dificuldades para acompanhar o crescimento da demanda, o lítio não é raro em comparação a outros metais para baterias como o cobalto e o grafite, segundo Eily Ong, analista da Bloomberg Intelligence.
A produção global de lítio aumentou cerca de 12% no ano passado. As baterias representaram 39% do consumo, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos. A Austrália foi o maior produtor em 2016, mas seus recursos não se comparam com os da Argentina e da Bolívia, com cerca de 9 milhões de toneladas cada um, e com os do Chile, que tem mais de 7,5 milhões de toneladas.
Na República Democrática do Congo, a AVZ ainda precisa demonstrar que a extração de lítio é viável economicamente. Ela também terá que reabilitar uma antiga usina elétrica para atingir a produção e construir mais de 600 quilômetros de estradas para conectar a mina com a capital regional de Lubumbashi para exportar. Mas o projeto está atraindo investidores, entre eles a chinesa Zhejiang Huayou Cobalt, uma das maiores refinarias de cobalto do mundo.
“As maiores empresas da China estão fazendo fila”, disse o presidente da AVZ, Klaus Eckhof, de Dubai. “Todas querem participar porque elas não têm projetos de oferta em preparação, meu telefone não para de tocar”, afirmou.