Avança negociação entre Vale e Xstrata
14/12/06
Rio – Acordo operacional poderá resultar em economia de US$ 200 milhões com sinergias. A Companhia Vale do Rio Doce negocia um acordo operacional da mineradora canadense Inco, recém-adquirida por meio de oferta hostil, com a congênere Xstrata, da Suíça. Por meio desse acordo, a empresa já identificou economias de mais de US$ 200 milhões em sinergias principalmente na área logística. O presidente da Vale, Roger Agnelli, negou que a intenção do negócio seja criar condições para uma futura joint-venture entre as duas companhias. De acordo com o executivo, o objetivo é identificar oportunidades de racionalização das atividades das duas empresas. Agnelli participou ontem, no Rio, de um almoço com toda diretoria da Vale para comemorar o fim de ano. Na ocasião, também negou rumores de que a empresa esteja disposta a constituir uma nova empresa para abrigar os ativos da Vale na área de não-ferrosos (mineração básica). Pouco convincente na negativa, segundo alguns presentes, Agnelli chegou a comentar, de forma irônica, que “esta seria uma boa idéia”. Oficialmente, no entanto, o executivo classificou a proposta de mera especulação. Entraves Ambientais Durante seu discurso, o presidente da Vale do Rio Doce advertiu para os riscos que o País corre pela demora do processo de licenciamento ambiental dos chamados grandes projetos de infra-estrutura. Como exemplo, o executivo citou os empreendimentos no segmento de geração de energia. Como conseqüência, alertou Agnelli, os consumidores brasileiros, tanto industriais quanto residenciais, têm arcado com um custo de energia mais caro do que nos países da Europa ou nos Estados Unidos.”O que preocupa é a dificuldade de interlocução junto ao poder público”, sintetizou o executivo, que também manifestou preocupação com a dificuldade de ampliar a infra-estrutura portuária e garantir licenças para empreendimentos na própria área de mineração. “O volume de carga geral transportada pelas ferrovias da Vale não cresce desde 2004, por causa dos gargalos no setor portuário. Se a produção de soja crescer bem no próximo ano, boa parte da soja ficará no chão, por não se ter como exportá-la.” Como forma de compensar a escassez de recursos públicos para ampliar a infra-estrutura do País, Agnelli recomendou uma maior aproximação com organismos multilaterais como os Bancos Mundial (Bird) e Interamericano de Desenvolvimento (Bid), de modo a torná-los financiadores de Parcerias Público-Privadas (PPPs) principalmente em regiões mais carentes do País. Nessas regiões, denunciou Agnelli, a Vale chega a deixar de investir em empreendimentos de sua área-foco, a mineração, porque não tem como atender também a todas as reivindicações compensatórios, tanto sociais quanto ambientais, destas comunidades. Nova estratégia financeira Também presente ao evento, o diretor financeiro da Vale do Rio Doce, Fábio Barbosa, confirmou que já estão adiantados os estudos que vão definir a nova estratégia financeira da;mineradora para o ano que vem. Um dos pontos praticamente certos para o próximo ano, segundo informou Barbosa, é uma operação de pré-pagamento de exportações junto a instituições financeiras. Diferentemente de uma operação de antecipação de recebíveis ? na qual a receita futura com exportações é dada como garantia, por meio da emissão de um bônus ?, esse outro tipo de operação, semelhante a uma ACE (Adiantamento de Crédito de Exportação), prevê negociação direta com instituições financeiras, sem a necessidade de aval da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). (Fonte: Gazeta Mercantil/Ricardo Rego Monteiro)
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