Após confrontos, Bolívia prepara plano para mineração
10/10/06
LA PAZ – O governo boliviano anunciou na segunda-feira que vai apresentar um plano de revitalização da mineração nacional. Na semana passada, um confronto entre mineradores rivais deixou 16 mortos no país.
O novo ministro da Mineração, Guillermo Dalence, prometeu a jornalistas anunciar o plano no dia 31, a fim de “devolver ao Estado boliviano o uso irrestrito de todos os recursos naturais, neste caso das minas”.
Dalence disse que o governo terá de “reconstruir” a estatal mineradora Comibol, negligenciada depois de ser semiprivatizada na década de 1980, deixando dezenas de milhares de desempregados.
Ele disse à agência estatal de notícias ABI que a data de 31 de outubro foi escolhida por ser o aniversário da estatização das minas declarada em 1952.
O governo de Evo Morales nacionalizou em maio os recursos de gás e petróleo, e analistas prevêem que ele também ampliará a participação estatal sobre a mineração. Dalence está no cargo desde sexta-feira. Seu antecessor foi demitido por não ter conseguido evitar a violência na maior mina de estanho do país, entre funcionários da Comibol e membros de cooperativas mineradoras.
Os cooperativistas invadiram a mina estatal de Huanuni na quinta-feira, exigindo mais concessões para explorar estanho no local. Os dois grupos travaram uma batalha com bananas de dinamite (material usado nas minas), que deixou 16 mortos e mais de 60 feridos. Na sexta-feira, os mineiros aceitaram uma trégua, mas ainda não decidiram como dividir as áreas de exploração entre si.
Dalence disse que a questão de Huanuni precisa de “soluções duradouras”, e não de uma mera trégua. O novo ministro estimou em 2 milhões de dólares aos prejuízos à mina, onde a produção teve de parar, a um custo de 200 mil dólares por dia. Dalence disse que a produção ainda levará cerca de duas semanas para ser retomada. Huanuni gera 10 mil toneladas de estanho por ano, um pouco mais de metade da produção total da Bolívia.
O maior sindicato do país convocou para esta terça-feira uma manifestação em La Paz em apoio aos empregados da Comibol. A mineração, que já foi o motor da economia boliviana, entrou em declínio na década de 1980, devido à crise econômica do país e à queda nos preços internacionais dos minérios. Mas os preços se recuperaram na década de 1990, e os mineiros demitidos na fase anterior começaram a explorar minas ociosas e acabaram formando influentes cooperativas, que agora querem mais acesso às riquezas do país.
Reuters