Anglo deve investir US$ 12 bi nas minas que comprará de Eike Batista
18/01/08
O empresário Eike Batista está vendendo os principais ativos de sua mineradora, a MMX, para o grupo inglês Anglo American, numa operação que deve chegar a US$ 5,5 bilhões. Lançada há um ano e meio, a MMX tem três projetos de mineração e siderurgia: Minas-Rio, Amapá e Corumbá. Pelo acordo, a Anglo ficará com os complexos Minas-Rio e Amapá, com capacidade de produzir 33 milhões de toneladas de minério de ferro por ano – cerca de 10% da produção da Vale. Segundo Eike, a Anglo pretende investir US$ 12 bilhões no desenvolvimento das duas minas.A compra das minas demandará uma complexa reestruturação, porque a MMX é uma empresa de capital aberto e tem 32% de seu capital negociado na Bolsa de Valores. O valor de US$ 5,5 bilhões inclui a compra das ações dos sócios minoritários, que podem aceitar ou não a oferta da Anglo American.A MMX será cindida em três companhias. Uma delas é a Newco, que ficará com os ativos da MMX Minas-Rio e da MMX Amapá. Eike e cerca de 10 executivos que administram a MMX se comprometeram a vender suas ações na Newco à Anglo. Eles têm 68% do capital da Newco, o que vale pelo menos US$ 3,7 bilhões, sem levar em conta o prêmio pago para ter o controle da empresa. O resto das ações da Newco será alvo de uma oferta pública aos minoritários em cerca de três meses. A Anglo oferecerá US$ 361,12 por ação.Além do dinheiro, os investidores da MMX ganharão ações nas duas outras companhias: a LLX, de logística, que terá participações no porto de Açu, em construção no Estado do Rio; e a ?nova? MMX, que permanece com o projeto de mineração e siderurgia de Corumbá (MS), com as minas AVG-Minerminas, em Minas Gerais, e 53 direitos de exploração do subsolo espalhados pelo País. Pelo acordo, a MMX se compromete a dividir igualmente qualquer descoberta de minério no Amapá. Em Minas, a Anglo ganha direito de preferência em descobertas de minério, com algumas exceções. ?Eles não se interessaram, por exemplo, pelos ativos da Serra Azul, que consideram pequenos para sua escala?, disse Eike. Nessa região, estão os projetos da AVG, com produção de 6 milhões de toneladas de minério por ano e potencial para chegar a 8 milhões, e a Minerminas, que produziu 700 mil toneladas em 2007 e foi comprada esta semana pela MMX, por US$ 125 milhões. ?A competência da MMX é identificar diamantes brutos e lapidá-los, criando valor?, disse Eike, questionado sobre a velocidade com que vendeu os principais ativos da MMX. Além da mineração, ele atua em petróleo e gás, energia e logística. Os projetos Minas-Rio e Amapá formavam, ao lado da mina de Corumbá, o tripé de ativos levado ao mercado em 2006, quando a MMX abriu o capital. Desde então, o valor de mercado subiu de US$ 1,4 bilhão para US$ 7,5 bilhões. Os investidores que aderiram à oferta em 2006 pagaram R$ 815 por ação. Com a reestruturação, vão ganhar o equivalente a R$ 650, mantendo participação em duas novas companhias. A LLX terá o capital aberto em bolsa. A Anglo deve fechar o capital da Newco, caso consiga a adesão de todos os minoritários. Observadores acreditam que o modelo da venda da MMX será utilizado em outras empresas da holding de Eike, como a EBX. No ano passado, a empresa de exploração de petróleo OGX foi destaque no leilão da ANP, arrematando 12 blocos por R$ 1,4 bilhão. Logo depois, Eike vendeu parte da companhia para o fundo canadense Ontario Teachers. A OGX deverá abrir seu capital na Bolsa no segundo semestre, para captar entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões. A empresa valeria, segundo Eike, US$ 12 bilhões.?Vendemos dois ativos maduros?, afirmou Eike, referindo-se ao negócio com a Anglo American. Segundo ele, a ?nova? MMX vai continuar as atividades exploratórias, em busca de todo tipo de minério. Ele adianta que há especial interesse no aquecido mercado de urânio, ainda sob monopólio estatal.
O Estado de S.Paulo