?Alvo de aquisição?, Anglo-American faz troca da guarda
22/02/07
POR PATRICK BARTA
THE WALL STREET JOURNAL
CIDADE DO CABO, África do Sul ? Daqui a uma semana, a executiva americana Cynthia Carroll vai assumir a presidência executiva da Anglo American PLC, uma das mineradoras mais antigas e prestigiosas do mundo. Seu maior desafio: manter a independência.
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A Anglo é freqüentemente citada ? ao lado da gigante do alumínio Alcoa Inc. ? como o próximo alvo de aquisição num setor que já passa por uma grande onda de consolidação. As grandes mineradoras estão com os cofres cheios depois de cinco anos de valorização nos preços das commodities. Agora, muitas delas querem consolidar suas posições adquirindo as rivais.
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A Anglo poderia ser um alvo particularmente suculento. Mineradora com o terceiro maior valor de mercado, ela possui ativos que vão de grandes operações de platina e carvão a investimentos em cobre, zinco, níquel e diamantes. No Brasil, tem um projeto de US$ 1,2 bilhão para uma mina de níquel em Barro Alto, Goiás, que foi aprovado pelo seu conselho em dezembro. A US$ 40.000 por tonelada, o níquel está seis vezes mais caro do que em 2002.
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Mas se comparada a gigantes industriais maiores como a BHP Billiton e a Rio Tinto PLC, ela tem tido dificuldade para encontrar a estratégia correta e aproveitar a alta demanda por matérias-primas na China. Em 2001, por exemplo, a Anglo e a Rio Tinto reportaram basicamente os mesmos lucros: cerca de US$ 1,5 bilhão cada uma. Em 2005, a Rio Tinto lucrou US$ 5 bilhões, comparado a cerca de US$ 3,5 bilhões da Anglo.
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Carroll, que foi executiva de alto escalão da canadense Alcan Inc., não estava disponível para entrevista, segundo um representante da Anglo, que acrescentou que ela ainda está tentando se adaptar aos negócios e desenvolver suas próprias prioridades estratégicas.
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Ainda assim, ?a inteção declarada de Cynthia é a de levar a Anglo adiante, concentrando- se em seus negócios principais de mineração?, diz Nick von Schirnding, diretor de relações com investidores da Anglo. ?O que ela não está fazendo é preparando (a empresa) para a venda.? A Anglo fez fortuna inicialmente com ouro, diamantes e platina. Mas por causa de seu papel controverso como ícone da era do apartheid na África do Sul, encontrou dificuldade em investir fora do país. Por isso, diversificou para outros setores no mercado interno, como banco, cervejas, papel e aço. Quando o apartheid terminou, a Anglo tinha uma série de negócios que não complementavam o núcleo de mineração.
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A Anglo decidiu então desfazer-se de operações restantes como aço e papel. Reduziu também sua participação na Anglo Gold Ashanti Ltd., o terceiro maior produtor de ouro do mundo. O plano, ainda não completado, ajudou a empresa a ficar mais focalizada.
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Mas a reestruturação também fez da Anglo um alvo de compra mais atraente. Analistas citam vários compradores em potencial, como a BHP Billiton, Rio Tinto, Xstrata PLC da Suíça e o conglomerado chinês Citic Group. As empresas rivais não quiseram comentar.
O Estado de São Paulo