Acordo entre Vale e garimpeiros viabiliza extração de ouro em Serra Pelada
27/02/07
PATRÍCIA ZIMMERMANNda Folha Online, em BrasíliaUm acordo entre a Companhia Vale do Rio Doce e a principal cooperativa de garimpeiros de Serra Pelada –a Coomigasp– assinado hoje no Ministério de Minas e Energia vai permitir a retomada da exploração de ouro na região Sudoeste do Pará, que ficou conhecida como o maior garimpo a céu aberto do mundo na década de 80.Pelo acordo, a Vale abre mão da concessão de 100 hectares na área do antigo garimpo para a Coomigasp fazer a exploração do ouro. A cooperativa, por sua vez, cede em favor da Vale uma área de 49 hectares para a exploração de calcário.Entretanto, a exploração de ouro na região ainda poderá levar cerca de dois anos para ser retomada de fato, e não será mais feita por meio de garimpo manual, como no passado. As reservas garimpáveis já teriam se esgotado e a exploração a partir de agora demanda uma intervenção com máquinas, com base em pesquisas geológicas. ParceriaApós cumprir os trâmites legais junto ao DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), que é responsável pela concessão de direitos de exploração, a cooperativa deverá contratar uma empresa ou fazer uma parceria para a mineração industrial em Serra Pelada. Cinco empresas entre japonesas, canadenses e americanas já teriam manifestado interesse no negócio, segundo o presidente do Sindicato dos Garimpeiros de Serra Pelada, Raimundo Benigno.Durante a solenidade que formalizou o acordo hoje, o gerente de Direitos Minerários e Meio Ambiente da Vale, Fernando Greco, destacou que é do interesse da companhia o acordo com os garimpeiros, pois ele favorece um clima de tranqüilidade na região. “É importante ter uma situação apaziguada”, disse, numa referência aos históricos conflitos envolvendo os garimpeiros na região.Mas a possibilidade de exploração da reserva de calcário cedida pela cooperativa também pode render ganhos econômicos à empresa, já que ela utilizaria o calcário na produção de ferro-gusa.A região cedida pela Vale é apenas uma pequena parte da sua área de concessão para a exploração de ferro na região, que de 10 mil hectares.Próximos passosAntes de iniciar a exploração em Serra Pelada, a cooperativa precisa obter junto ao DNPM um alvará de pesquisa para realizar estudos de viabilidade na região, que deve ser liberado ainda nesta semana. Levantamentos geológicos preliminares apontam para a existência de 20 toneladas de ouro na reserva.A Vale, que já possui pesquisa sobre a reserva, irá ceder os estudos aos garimpeiros.Após atualizar os estudos, a cooperativa deverá apresentar ao DNPM um licenciamento ambiental e um plano de exploração da reserva para a obtenção da concessão de lavra, que lhe dará o direito de exploração.”Hoje é o dia da redenção”, afirmou Benigno, ao comemorar o acordo, que segundo ele, vai beneficiar cerca de 67 mil trabalhadores que trabalharam no garimpo de Serra Pelada que estão cadastrados junto às cooperativas.
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