09/02/09

Os primeiros sinais de reaquecimento do mercado de minério de ferro, com a redução dos estoques da China e a reação das exportações da Índia, podem chegar ao Brasil mais rápido do que se projetava no final de 2008. A tradução desse cenário mais favorável para o setor pode ser vista no bom desempenho das ações da Vale e da MMX nos últimos dias. Só essa semana, as ações preferenciais da Vale, maior produtora de minério de ferro do mundo, já contabiliza um ganho de quase 12%. “A reação do setor veio bem mais rápida do que o mercado financeiro esperava”, ressaltou a analista Cristiane Viana, da Agora Corretora. Segundo ela, esse movimento pode beneficiar as mineradoras na queda-de-braço com as siderúrgicas internacional durante a negociação em torno do reajuste do minério de ferro que irá vigorar este ano. No final de 2008, quando as companhias começaram a debater o assunto, o quadro de queda drástica da demanda pelo produto sustentava melhor o pedido das siderúrgica para reduzir os preços em cerca de 40%.
Agora, algumas instituições financeiras já começaram a rever suas estimativas para vendas no setor, o que pode interferir na expectativa para o reajuste. Cristiane lembra que, com o fim do excesso dos estoques de minério de ferro na China, o preço do minério no mercado à vista tem se recuperado. “A alta de preço no mercado spot acaba por espelhar uma demanda crescente, o que pode favorecer (as mineradoras) em uma negociação de preço”, explicou. E completou: “A expectativa para a queda do preço do minério de ferro pode ser reduzida dado ao fato do aumento do preço no mercado spot.Por hora, estamos mantendo a previsão de queda de 28,1%, mas, não descarto a possibilidade de se alterar isso.”. A Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais (Amig), que a partir do agravamento da crise mundial registrou queda de produção de até 40%, concorda que os sinais de recuperação vindos da China e da Índia devem beneficiar as mineradoras no Brasil. “Os sinais indicam que o vendaval passou. Os pacotes contra a crise que vários países estão anunciando, com obras de infraestrutura, serão bons para a mineração”, considera a consultora da Amig, Rosiane Seabra.
O presidente do Sindicato da Indústria Mineral de Minas Gerais, Fernando Couro, também enxerga uma recuperação para o setor. Segundo ele, o Brasil sofre menos com excesso de estoques de minério de ferro pelo fato das siderúrgicas estarem próximas aos fornecedores do insumo. Diante dos sinais de recuperação, o executivo afirma que já começa a apostar em manutenção no preço do minério entre as mineradoras e siderúrgicas internacionais.

Agência Estado / Brasil Infomine