Acima dos 57 mil pontos
14/08/09
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) fechou essa quinta-feira com nova alta, a oitava nos últimos dez dias de negócios, e chegou ao maior nível em mais de um ano. O mercado abriu em clima de euforia, a reboque de dados positivos vindos da Europa, onde as bolsas trabalhavam em alta. Alemanha, França e Portugal anunciaram alta de 0,3% nas suas economias no segundo trimestre, deixando para trás a recessão técnica. Mas a economia americana forneceu ainda na parte da manhã combustível para dúvidas. As vendas no varejo norte-americano caíram 0,1 por cento em julho e os pedidos de auxílio-desemprego subiram a 558 mil na semana passada, enquanto os estoques empresariais recuaram 0,1 por cento em junho, indicando que a economia enfrenta uma recuperação irregular. Em clima de muita volatilidade, a bolsa quase empatou ao fim da primeira hora de negociação e chegou a trabalhar no negativo no meio da tarde. Dessa vez, no entanto, o peso das commodities no Ibovespa jogou a favor. Seguindo o bom desempenho no exterior, Vale, Petrobras e siderúrgicas sustentaram os ganhos e garantiram fechamento positivo, acima das altas verificadas nos índices americanos. O Ibovespa (Índice Bovespa, principal indicador da Bolsa paulista) encerrou negócios com ganho de 0,81%, aos 57.047 pontos. Trata-se da maior pontuação desde 6 de agosto do ano passado, quando fechou a 57.542 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,752 bilhões, acima da média diária deste ano (cerca de R$ 5 bilhões). Na mínima, registrou 56.533 pontos (-0,10%) e, na máxima, os 57.367 pontos (+1,38%). No mês, acumula ganhos de 4,17% e, no ano, de 51,93%.A ata da reunião do Fed (Federal Reserve, o BC americano), que manteve a taxa básica de juros do país em uma banda entre zero e 0,25% ao ano, ainda refletia no mercado nesta quinta-feira. No comunicado divulgado após a reunião, o Fed disse que o ritmo da contração da economia americana está “se nivelando” e que continuaria garantindo liquidez para a economia. Analistas consideraram que a ata do Fed permite que o mercado siga em alta nos próximos meses, dependendo apenas das notícias macroeconômicas no dia a dia. “Os investidores continuam otimistas para a bolsa, mas as últimas altas fizeram com que ficassem mais cautelosos na compra”, observou o gerente de operações de renda variável Renato Bandeira de Mello, da Futura Corretora.Juros. O mercado de juros consolidou a trajetória de queda de taxas, diante dos dados fracos das vendas no varejo norte-americano, da informação de que o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, teria sinalizado ao presidente Lula que há ainda espaço para cortes na Selic, e o cenário positivo para a inflação a partir das coletas de preços no varejo na ponta. Ao término da negociação normal na BM&F, o DI janeiro de 2010 liderava o giro com 301.975 contratos e taxa de 8,61% (mínima), ante 8,64% ontem. O DI janeiro de 2011 (121.955 contratos) também estava na mínima a 9,71%, de 9,78% ontem. O DI janeiro de 2012 (74.730 contratos) cedia a 10,97%, de 11,02% ontem.EUA. Nos Estados Unidos, as compras prevaleceram, mesmo diante dos números ruins para o varejo e para o mercado de trabalho. O Dow Jones subiu 0,39% e o Standard & Poors 500 avançou 0,69%, ajudados por ações do setor financeiro e pelo resultado trimestral da rede varejista Wal-Mart, melhor do que as previsões. O Nasdaq avançou 10,63 pontos (0,53%) e fechou com 2.009,35 pontos. A sessão foi também muito volátil, com investidores pesando a perspectiva econômica do Federal Reserve e um forte leilão de T-bonds de 30 anos e a inesperada queda nas vendas nos varejo, segundo traders e analistas. O vigor das ações do setor bancário e de matérias primas ajudou a compensar o declínio dos papeis das companhias de consumo. Entre as financeiras, destaque para a alta de 6,72% das ações do Bank of America. As ações do JPMorgan fecharam em alta de 1,63%, enquanto Citigroup subiu 2,01% e Wells Fargo avançou 2,61%.EUROPA. As bolsas de valores europeias terminaram o dia em alta, com os investidores comprando sobretudo ações do setor de mineração depois que o resultado acima do esperado do Produto Interno Bruto (PIB) da França e da Alemanha alimentou a esperança de que a economia global possa ter superado o pior. O índice pan-europeu Dow Jones Stoxx 600 subiu 0,8% para 230,47 pontos. Em Londres, o índice FTSE 100 subiu 0,82% para 4.755,46 pontos. O alemão DAX subiu 0,95% para 5.401,11 pontos e o francês CAC-40 avançou 0,49% para 3.524,39 pontos. “O mercado de ações está sendo movido pela compressão no prêmio de risco e pelo fato de que estamos entrando num novo crescimento na economia, embora muito anêmico”, disse Richard Batty, diretor de investimento da corretora Standard Life Investments. O PIB alemão cresceu 0,3% na comparação com o primeiro trimestre, mesmo porcentual de expansão registrado pelo PIB da França. As mineradoras, estimuladas pela percepção de demanda crescente para os metais numa economia mais forte, se destacaram na alta. As ações da Xstrata subiram 6% e as da Vedanta Resources avançaram 3,5%. “O cenário global melhorou no segundo semestre de 2009, especialmente na China”, disseram os analistas de mineração do Credit Suisse, que elevaram as previsões para os preços do cobre e do alumínio.ÁSIA. A maioria dos mercados da Ásia apresentou elevação nesta quinta-feira, também puxadas pelo tom positivo da ata do Fed. As ações de recursos naturais foram o destaque, com a alta dos preços dos metais e do petróleo. Os ganhos em Wall Street ajudaram a Bolsa de Hong Kong a se recuperar. O índice Hang Seng ganhou 426,06 pontos, ou 2,1%, e encerrou aos 20.861,30 pontos. A presença de investidores em busca de ofertas ofuscaram as preocupações com um possível aperto na política monetária. Isso fez as Bolsas da China fecharem no positivo. O índice Xangai Composto subiu 0,9% e o Shenzhen Composto ganhou 0,8%. O índice Taiwan Weighted subiu 2% e a Bolsa de Seul fechou praticamente estável.
Jornal do Commercio Brasil – RJ