Acesita destinará metade da produção à América Latina
06/10/06
Danielle Nogueira; ;
Enquanto o mundo siderúrgico se volta para a China, a Acesita, que pertence ao grupo Arcelor Mittal, planeja ampliar sua presença na América Latina. A empresa pretende elevar a parcela exportada para os países latino-americanos, dos atuais 20% da produção para 50% em 2008/2009. Dessa forma, a companhia pretende reduzir sua exposição à China e fortalecer sua posição de liderança na região vizinha. A Acesita é a única fabricante de aço inoxidável na América Latina. A produção atual é de 400 mil toneladas, das quais 300 mil são de laminados a frio e 100 mil, de bobinas a quente.
A expansão nos países vizinhos vai começar pela ampliação da rede de distribuição da empresa. Há cerca de três meses foi comprado um centro de distribuição em Campinas. Está prevista ainda a aquisição ou compra de distribuidoras no Sul do País, na Argentina e na Colômbia. ?Nosso objetivo mais imediato é expandir a rede de distribuição para cobrir todo continente?, afirmou o presidente da Acesita, Jean-Phillipe Demaël, que participou ontem da inauguração de uma mina da Vale do Rio Doce em Minas Gerais. O executivo acredita que o processo de consolidação do setor siderúrgico, hoje em curso, levará a novos investimentos em expansão na Ásia para suprir a demanda chinesa. Pela proximidade, esses projetos seriam mais competitivos que os produtos da Acesita. Daí a estratégia de reduzir a exposição ao gigante asiático.
Atualmente, a empresa exporta de 200 mil a 250 mil toneladas por ano. Destas, 20% vão para a China. Demaël explica que, como haverá apenas um deslocamento do destino das exportações, num primeiro momento serão feitos investimentos apenas em distribuição. Numa segunda fase, a empresa avalia expandir sua capacidade produtiva.
No mesmo evento que Demaël, o presidente da Vale, Roger Agnelli, afirmou que está avaliando o desinvestimento de alguns ativos da companhia, entre eles uma usina de ferro-gusa, no Pará, em sociedade com a americana Nucor. A Vale tem 78% da planta e a Nucor, 22%. Agnelli negou que a possível venda de ações tenha relação com a necessidade de fazer caixa para aquisição da produtora canadense de níquel Inco. ?Estamos sempre avaliando possibilidades de desinvestimentos, faz parte da estratégia da companhia?, disse.
O executivo afirmou que a compra da Inco, se concretizada, não afetará a saúde financeira da empresa, e que será feita apenas com a operação de financiamento acertada com um pool de bancos. Os bancos já ofereceram cerca de US$ 30 bilhões em crédito, mas a Vale vai tomar apenas os cerca de US$ 18 bilhões necessários para a compra da empresa canadense. Agnelli afirmou que em sete anos o financiamento será quitado. A aquisição da produtora de níquel depende dos acionistas. O prazo para adesão à oferta da Vale foi prorrogado para 16 de outubro, e a oferta foi aprovada pela Comissão Européia sob o EC Merger Regulation.
O presidente da Vale também negou que esteja interessado em vender sua participação de 50% da siderúrgica americana California Steel Industries (CSI). Segundo ele, a estratégia é elevar a importação de placas de aço produzidas no Brasil pela siderúrgica, ou seja, usá-la para fomentar novos projetos siderúrgicos no Brasil. ?Os Estados Unidos são um mercado natural para o Brasil?, disse Agnelli. Atualmente, a usina compra 50% de seu consumo do Brasil. ;