O dirigente do IBRAM se referiu ao comunicado emitido pelo G7, indicando que os países ricos querem garantir acesso aos minerais críticos e estratégicos. Para Jungmann, Brasil precisa agir para evitar qualquer risco de disputa predatória pelos seus minérios e Senado tem papel fundamental nesta questão. Os países desenvolvidos podem estar à frente de um movimento de neocolonialismo em relação às nações emergentes e em desenvolvimento, o que envolve o Brasil, a partir do que se interpreta do comunicado do G7 – grupo das 7 nações mais ricas – expedido em 17 de junho sobre seu interesse nos minerais críticos e estratégicos (MCEs). Esses países ricos querem assegurar acesso aos MCEs para abastecer sua indústria, atender a iniciativas de inovação tecnológica, defesa, transição energética, entre outras finalidades, e nações emergentes apresentam enorme potencial de oferta desses recursos naturais. Foi o que alertou o diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Raul Jungmann, aos senadores, durante audiência pública nesta 3ª feira (1º de julho), na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, presidida pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), que conduziu os trabalhos. A audiência pública foi agendada a pedido de Calheiros, com o objetivo de debater, subsidiar e propor políticas para o segmento de minerais críticos e estratégicos no Brasil. Segundo o senador, esses minerais apresentam risco de escassez de oferta por vários fatores, mas “são ativos relevantes no tabuleiro da geopolítica (…) faz-se necessário a formulação de políticas públicas eficientes voltadas ao desenvolvimento do setor de MCEs no Brasil, ensejando legislações e regulações especificas”. Assista à íntegra no canal Youtube do Senado. Raul Jungmann disse que “o Norte Global (países mais desenvolvidos) está se organizando, se estruturando para assegurar suprimento de MCEs. E nós, nesta equação, como ficamos?”, questionou. Esse movimento, disse, começou a partir da pandemia da Covid-19, em que muitas cadeias de valor se mostraram concentradas em determinados países, caso das vacinas, máscaras e respiradores, com produção e fornecimento centralizados na China. Para evitar dependência externa em vários segmentos, os países passaram a considerar necessário “avaliar quais cadeias de valor precisariam ter um espaço (produção) nacional e quais poderiam ter lugar via outsourcing (produção em outras localidades). Entre essas cadeias estratégicas estão os MCEs”, afirmou. Protagonismo global dos MCEs Esse protagonismo dos MCEs no cenário mundial acontece porque são essenciais para: a segurança alimentar e combate à fome global, caso de minérios como potássio e fosfato utilizados nos fertilizantes; a transição para a economia baixo carbono, que exige muita oferta de MCEs; a inovação tecnológica e IA; a defesa, para uso em equipamentos diversos, como radares, drones, satélites, explicou Raul Jungmann. “Os MCEs estão na encruzilhada das preocupações que são absolutamente estratégicas para todos nós e, no caso do G7, os MCEs são fundamentais para a questão de segurança nacional daquelas nações”, afirmou Raul Jungmann. Mas ele alertou que direcionar os MCEs para tal finalidade pode reduzir a oferta para a transição energética, que Jungmann considera o maior desafio atual da humanidade. E questionou: “será que vamos
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