Com a crescente influência da geopolítica econômica no cenário global, os desafios relacionados à governança e à inserção internacional tornam-se cada vez mais relevantes para o Brasil e a América Latina. Esse foi o foco do seminário “O Brasil na Nova Era da Geoeconomia: Como se Situar, Como Responder?”, realizado nesta quinta-feira (7/8), no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP). O diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Raul Jungmann, participou do evento e destacou a importância de o Brasil consolidar sua atuação nas cadeias globais de valor, priorizando segurança estratégica, inovação tecnológica e sustentabilidade. Segundo Jungmann, a pandemia de Covid-19 evidenciou a fragilidade de determinadas cadeias produtivas, reforçando a necessidade de nacionalização ou controle estratégico do suprimento de insumos essenciais. Ele relembrou a escassez de respiradores e máscaras no início da crise sanitária como exemplo do que pode ocorrer em outros setores vitais. “Hoje, a mesma lógica se aplica aos minerais críticos e estratégicos. Eles estão diretamente ligados à segurança alimentar, como o potássio e o fosfato. Importamos mais de 90% do potássio e cerca de 78% do fosfato que utilizamos. O Brasil é um gigante agrícola com pés de barro”, afirmou. Raul Jungmann também alertou para o papel desses minerais no avanço tecnológico e na transição energética. “Eles estão no centro da inovação. Tecnologias como as voltadas à digitalização e à economia de baixo carbono dependem de insumos como as terras raras. A demanda será gigantesca nos próximos anos”, destacou. Diante desse cenário, o diretor-presidente do IBRAM reforçou: “temos um enorme potencial mineral e precisamos transformá-lo em resultados concretos. Nos próximos meses teremos uma política nacional clara e articulada para os minerais críticos e estratégicos elaborada pelo MME”. Ele também apontou como entraves a falta de conhecimento geológico atualizado e a escassez de mecanismos para financiamento no setor. “Precisamos acelerar esse processo, com planejamento e investimentos consistentes”, concluiu. Também participaram do seminário o economista José Roberto Mendonça de Barros, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda; a cientista política Lourdes Sola, professora sênior do Instituto de Estudos Avançados da USP; e o diplomata Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos e no Reino Unido.
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