Xstrata compra a LionOre por US$ 4 bi para elevar produção
27/03/07
A Xstrata Plc, quinta maior mineradora do mundo, formalizou ontem a compra da canadense LionOre Mining International Ltd. por US$ 4 bilhões. O negócio, se concretizado, aumentará sua produção de níquel em 36%, em um momento de alta recorde dos preços do metal.
A Xstrata, com sede em Zug, na Suíça, vai pagar 18,50 dólares canadenses por ação pela LionOre, segundo informou ontem em comunicado. Esse valor é 5,8% superior ao preço de fechamento das ações da LionOre em Toronto na última sexta-feira.
Ontem, os papéis da mineradora canadense subiram para até 19,40 dólares canadenses em Toronto, o que indica que os investidores prevêem a apresentação de uma oferta melhorada.A aquisição da LionOre dará ao principal executivo da Xstrata, Mick Davis, o controle de minas de níquel na Austrália, em Botsuana e na África do Sul, em sua investida para colocar a empresa entre as três maiores produtoras mundiais de níquel. O metal, empregado na produção de aço inoxidável, disparou para a cotação recorde de US$ 48.500 a tonelada a 16 de março, puxado pela demanda por parte da China.
?A Xstrata tende a surpreender o mercado com suas aquisições, que têm sido percebidas primeiramente como inoportunas, e que se revelam depois como inteligentes?, disse Mark Pervan, diretor de Pesquisa da Daiwa Securities SMBC de Melbourne, na Austrália. ?Eles parecem explorar essa tendência melhor que outras empresas?, acrescentou.
A oferta da Xstrata pela LionOre corresponde a 5,38 vezes os lucros da empresa canadense antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, pelas iniciais em inglês), segundo dados compilados pela Bloomberg.
Essa proporção deve ser comparada ao fator de 8,65 vezes o Ebitda que a Xstrata pagou ao comprar a canadense Falconbridge Ltd. por US$ 18 bilhões, em setembro do ano passado.As ações da Xstrata caíram ontem 5 pence ou 0,2% para 2.573 pence no pregão de ontem na Bolsa de Valores de Londres. No início das operações, os papéis registravam alta de 3%. No último ano, o valor dos papéis dobrou.
?A oferta pela LionOre não pode ser considerada sensacional uma vez que não oferece um prêmio satisfatório?, disse Ian Henderson, que administra US$ 3,6 bilhões em ativos do setor de recursos naturais no JPMorgan Asset Management em Londres, inlcuindo ações da Xstrata e da LionOre.?Acredito que poderá aparecer uma oferta rival?, acrescentou Henderson.
Os acionistas, incluindo alguns diretores da LionOre, assinaram um acordo preliminar que destina 19% das ações da empresa para a Xstrata, de acordo com a mineradora.
O acordo aumentará a exposição da Xstrata a alta de preços do níquel em pelo menos 50% em um momento em que a companhia conclui novos projetos na Tanzânia e na ilha de Nova Caledonia, segundo Davis.
?Nossa competitividade irá aumentar consideravelmente?, disse Davis. ?Estávamos analisando a compra da LionOre há algum tempo, mas o acordo só se tornou possível depois da compra da Falconbridge?, acrescentou o chefe executivo.
Davis preferiu não comentar a respeito das economias previstas a partir da compra da empresa porque, segundo ele, as empresas ainda estão em situação de competitividade em potencial. A alta dos preços dos metais, que já dura cinco anos, levou a aquisições da ordem de US$ 123 bilhões na indústria da mineração no ano passado. Em 2005, o volume de aquisições foi de US$ 60 bilhões, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
A compra da LionOre fará com que os gastos de Davis com aquisições passe para mais de US$ 23 bilhões nos últimos 12 meses. Os planos do chefe executivo são de transformar a Xstrata, com o apoio da operadora suíça de commodities Glencore International AG, em uma mineradora capaz de concorrer em pé de igualdade com a BHP Billiton Ltd., a Anglo American Plc e o Rio Tinto Group.No ano passado, as ações da Xstrata subiram 109%.
Este ano os papéis acumulam ganho de 1%. Em 2006, os papéis da BHP registraram ganho de 11%. Já as ações da Anglo subiram 29% e do Rio Tinto 7,7% no mesmo período. Acompanhando a compra da Falconbridge pela Xstrata, a Cia. Vale do Rio Doce comprou a canadense Inco Ltd. por US$ 17,4 bilhões no ano passado e assim se tornou a maior fabricante mundial de níquel. A russa OAO GMK Norilsk Nickel é a segunda.
DCI