Votorantim vai produzir ferro-níquel
28/11/06
Luciana Collet
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SÃO PAULO – A previsão de demanda crescente por níquel fez com que a Votorantim Metais decidisse investir R$ 558 milhões na construção de uma nova unidade para produção de ferro-níquel, com capacidade anual de 42,4 mil toneladas por ano de ferro-liga, com teor de 10,6 mil toneladas de níquel contido. “A demanda de níquel tem crescido entre 4% e 6% ao ano e não há tanto incremento de oferta previsto no mundo por novos projetos”, afirmou o diretor superintendente da companhia, João Bosco Silva.
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Por conta da alta do consumo do níquel, que segundo estimativas está em cerca de 1,2 milhão de toneladas, o preço do níquel tem apresentando forte crescimento, atingindo US$ 30 mil por tonelada no mercado internacional. “Estamos em um momento de alta do ciclo do níquel, mas não esperamos que esses altos preços se mantenham por longo tempo”, ressaltou. De acordo com o executivo, o estudo de viabilidade, que leva em conta uma projeção para os próximos 20 anos de mercado, trabalhou com uma média de longo prazo de entre US$ 8 mil e US$ 10 mil por tonelada.
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A nova fábrica, que será construída em Niquelândia (GO), onde a empresa já possui uma mina e uma unidade de beneficiamento de níquel, está prevista para iniciar operação em 2009. Com o projeto, que é inteiramente voltado para o mercado externo, a empresa espera um incremento de R$ 300 milhões no faturamento. Em 2005 a Votorantim Metais obteve uma receita líquida de R$ 3,5 bilhões, dos quais cerca de 30% proveniente do níquel.
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Hoje a Votorantim já é a maior produtora nacional na América Latina, com três unidades fabris no País: em localizadas em Niquelândia (GO), São Miguel Paulista (SP) e Fortaleza de Minas (MG), que totalizam capacidade para produzir 27 mil toneladas anuais de níquel, dos quais cerca de 60% é vendido ao mercado externo. Com o novo projeto a produção terá um aumento de 37%, para 37 mil toneladas, e as exportações devem aumentar sua participação na receita com vendas de níquel para 80%.
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A companhia passou dois anos pesquisando a jazida até verificar a possibilidade de explorar comercialmente as reservas, que totalizam 16,9 milhões de minérios, suficientes para pelo menos 20 anos de operação, segundo cálculos da Votorantim.
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Silva explicou que a rota tecnológica de produção será a pirometalurgia, que consiste em processos de britagem e redução do minério, passando para calcinação e refino, resultando em um produto granulado, de fácil transporte e aplicação na indústria de aço inox.
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Até agora a empresa produzia apenas o níquel eletrolítico, obtido a partir da produção, também em Goiás, carbonato de níquel, que era levado para São Paulo, onde o produto passava pela eletrólise.
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Mudança na matriz
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Ontem a Votorantim Metais também anunciou um investimento de R$ 180 milhões na implantação de uma nova caldeira de coque na unidade de Niquelândia. Segundo Silva, o projeto permitirá a flexibilização da matriz energética da unidade, que hoje utiliza o óleo combustível como fonte de energia para sua produção em Goiás.
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“Cerca de 50% do custo do níquel é energia e precisávamos de maior flexibilidade nas nossas operações”, disse. O coque já respondia por um terço da geração de energia na unidade, que também utiliza energia elétrica e óleo combustível. “O preço da tonelada do coque hoje é de R$ 336, três vezes mais baixo que os R$ 937 do óleo combustível”, disse.
Gazeta Mercantil