Votorantim se fortalece no setor de níquel
28/11/06
Ivo Ribeiro
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O grupo Votorantim aproveita o cenário promissor do mercado de níquel, com preços recordes, demanda em alta – 4% a 6% ao ano – e déficit na oferta, e anuncia investimento de R$ 558 milhões em nova metalurgia em Niquelândia (GO). A unidade, que marca a entrada do grupo na produção de ferro-níquel, terá capacidade para produzir 10,6 mil toneladas de níquel contido (total de 42,4 mil de produto na forma de liga) ao ano.
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Com esse projeto, a subsidiária Votorantim Metais (VM), que atua também em aço e zinco, elevará sua capacidade de produção de níquel a 40 mil toneladas por ano. A fábrica de ferro-níquel está prevista para iniciar operação em abril de 2009. As obras devem começar em janeiro de 2007.
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O investimento completo anunciado ontem inclui uma unidade de geração de energia a partir de coque de petróleo para balancear a oferta energética no consumo das instalações locais. Produzir níquel, principalmente esse tipo de liga, representa elevado consumo de energia, o que encarece o custo de fabricação. Os recursos para essa caldeira de coque somam R$ 180 milhões.
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Atualmente, a VM faz níquel eletrolítico, a partir de metal extraído na mesma região em Goiás e metalurgia em São Paulo, e níquel na forma de “matte” em Serra da Fortaleza (MG), mina adquirida da Rio Tinto alguns anos atrás. A produção deste ano dos dois produtos está prevista em 27 mil toneladas, segundo afirmou João Bosco, diretor-superintendente da VM.
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Desse volume, o grupo exporta mais de 60%, disse Bosco. A principal aplicação é para fabricar aço inox. Ele informou que o negócio de níquel, neste ano, vai responder por 30% da receita prevista da VM, de R$ 5,5 bilhões. Em 2005, foram R$ 3,5 bilhões. Toda a produção de ferro-níquel será exportada para Europa, China e Japão.
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Segundo a empresa, o suprimento de minério de níquel será feito a partir de mina própria, que dispõe de reservas medidas de 16,9 milhões de toneladas – suficiente para pelo menos 20 anos de operação da usina. A nova fábrica prevê 420 empregos diretos e 2 mil indiretos após o início de operações e 1,5 mil durante a fase de construção.
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Segundo Bosco, a nova unidade vai acrescentar R$ 300 milhões por ano à receita da VM.
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O níquel, desde o fim de 2003, é um dos metais não ferrosos que mais se valorizaram no mercado internacional. No início de 2004 chegou a US$ 17 mil a tonelada na Bolsa de Metais de Londres (LME). Com a crescente demanda, principalmente por parte da China, e a escassez de oferta – há déficit no mercado -, de lá para cá a cotação duplicou. Chegou a US$ 35 mil no mercado à vista. Atualmente, tem ficado entre US$ 30 mil e US$ 33 mil a tonelada no pregão da LME.
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“O desequilíbrio entre oferta e demanda no mercado mundial de níquel deve perdurar por mais alguns anos”, afirmou Bosco em comunicado. Ao Valor disse que no médio prazo os produtores prevêem preços entre US$ 8 mil e 10 mil a tonelada. Durante crise de demanda mundial, o produto chegou a ser comercializado a pouco mais de US$ 4 mil.
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Para o executivo, a consolidação do setor – vide a aquisição da Inco pela Vale do Rio Doce recentemente -, torna esse negócio mais atraente. “Hoje, os cinco maiores produtores dominam 70% da produção mundial e igual percentual dos novos projetos.” A VM está entre os dez maiores. Em aço e zinco, está investindo R$ 1 bilhão para elevar a produção.
Valor Econômico