Votorantim muda gestão e Calfat vai presidir conselho
10/01/14
O grupo Votorantim, um dos maiores conglomerados industriais do país, controlado pela família Ermírio de Moraes, acaba de implementar mudanças em sua estrutura de gestão corporativa, segundo antecipou o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor. Raul Calfat, executivo de confiança da família, foi alçado à presidência do conselho de administração da Votorantim Participações (VPAR) desde este mês.Calfat, no grupo desde os anos 80 e CEO da Votorantim Industrial desde 2004, ocupará a posição que é hoje de José Roberto Ermírio de Moraes na holding. A VPAR gere todos os negócios do grupo – industriais, com empresas fabricantes de cimento a suco de laranja, e financeiros, que tem como carro-chefe o Banco Votorantim.Como outros cinco integrantes da família, José Roberto permanecerá como membro do conselho da VPAR. As mudanças não significam, todavia, que os Ermírio de Moraes vão sair do dia a dia da companhia. As mudanças resultam de um processo que vinha sendo elaborado há alguns anos.Calfat deixa a presidência da Votorantim Industrial (VID), uma holding que cuida das operações industriais do grupo, que tem 95 anos de fundação. Sob sua responsabilidade estão os negócios de cimento, metais (alumínio, níquel, zinco e cobre), siderurgia, celulose, por meio da Fibria, e de mineração, com Milpo, no Peru.A exceção é o negócio de suco concentrado de laranja, operado pela Citrosuco, resultado da fusão entre Citrovita, que era do grupo, com a Citrosuco, da família Fischer. De controle compartilhado, está sob o guarda-chuva da VPAR.Na VID, João Miranda, atual diretor corporativo financeiro e de relações com o mercado da holding, foi promovido a diretor-geral. Ele terá o papel de coordenação e gestão do portfólio de negócios industriais da holding, reportando-se ao conselho da VPAR, sob a gestão de Calfat. Oriundo do Citibank, Miranda está no grupo desde 2009 como diretor financeiro da VID.Procurada, a Votorantim informou, em nota, que a adoção dessas mudanças, a partir de janeiro, é a evolução de seu modelo de governança corporativa, com a formação de conselhos de administração em suas empresas do segmento industrial. “Após utilizar um modelo centralizado, que permitiu capturar significativas sinergias entre as empresas, disseminar as melhores práticas e criar um padrão único de gestão, o grupo entendeu que já estava pronto para a promoção de um modelo mais descentralizado e mais apropriado ao novo momento de seus negócios, cada vez mais complexos e internacionais”.No ano passado, a VID obteve receita líquida consolidada de R$ 24,8 bilhões. Já o grupo, com a área de financeira, alcançou receita bruta de R$ 38,6 bilhões.Com as mudanças, a VID se torna mais uma holding de decisões estratégica dos negócios e menos operacional, como era até agora, desde que foi criada, há mais de uma década. Tanto que alguns executivos da VID foram alocados para cargos nas próprias empresas, como diretoria jurídica. Considera-se que já cumpriu o papel de alinhamento de gestão das empresas que aglutinaram todos os negócios industriais do grupo. Assim, as empresas de cada área terão mais autonomia em suas operações.Os resultados financeiros das empresas sob o guarda-chuva da VID, entretanto, ainda continuam sendo consolidados na holding.
Valor Econômico